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No Paraná, das 39 microrregiões, 20  respondem por  mais de 75% do  valor de produção do estado | HUGO HARADA/HUGO HARADA
No Paraná, das 39 microrregiões, 20 respondem por mais de 75% do valor de produção do estado| Foto: HUGO HARADA/HUGO HARADA

A Embrapa Monitoramento por Satélite concluiu um trabalho inédito, bastante detalhado e de grande importância sobre a distribuição do valor da produção agropecuária pelas 558 microrregiões dos estados do Brasil. Na primeira etapa, a pesquisa analisou mais de uma centena de cadeias produtivas, vegetal e animal, em todo o país, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge). Em média, foram estudadas 58 cadeias produtivas em cada estado. No Paraná, com 79 cadeias produtivas analisadas, nove delas respondem por 77,67% do valor de produção do estado. Na lista estão soja (25,58%), milho (16,37%), bovinos (7,49%), leite de vaca (6,13%), cana de açúcar (5,87%), madeira (4,66%), feijão (4,21%), trigo (4,13%) e suínos (3,24%).

Em alguns estados a diversidade de produtos se revelou menor, como em Roraima, com 27 cadeias produtivas analisadas, e, em outros casos, como da Bahia, com 82 cadeias produtivas analisadas. De acordo com a coordenadora do estuado e supervisora do Grupo de Inteligência Territorial Estratégica da Embrapa (Gite) da Embrapa Monitoramento por Satélite, Lucíola Alves Magalhães, mais do que valores absolutos, a pesquisa visava indicar, em termos de valores relativos e repartição territorial (cartografia), o posicionamento das microrregiões e das cadeias produtivas em termos de produção de riqueza, em bases territoriais. “O estudo é importante pois ajuda no direcionamento dos investimentos. Em algumas regiões, por exemplo, precisa-se de poucos produtos para compor a riqueza do estado. Em outros há uma diversificação maior, como na Bahia, que dos 82 produtos analisados, 15 são necessários para compor 75% de tudo o que é produzido”, afirma.

O Estudo

Para atenuar efeitos de variações anuais na produção e na produtividade (clima, preços e outros fatores) e gerar valores mais representativos, os pesquisadores calcularam a produção agropecuária com base em médias trienais. “No cômputo da riqueza da produção agrícola de uma região não se podem juntar toneladas de cebola, com caixas de manga ou litros de leite. A única forma de totalização está em sua conversão em valor”, diz Magalhães. A valoração ou precificação em reais das produções de cada cadeia produtiva estudada foi realizada na segunda etapa do trabalho. Os preços atribuídos seguiram uma serie de critérios e indicadores técnicos e econômicos nacionais e regionais para ajustes. As taxas de desfrute foram definidas para as diversas cadeias de produção animal.

No Paraná, das 39 microrregiões, 20 respondem por mais de 75% do valor de produçãoEmbrapa - GITE

Finalmente, também foi calculada a contribuição de cada cadeia produtiva na composição do valor total da produção agropecuária, identificando-se a parcela devida à produção vegetal e animal. Os bancos de dados numéricos estruturados na Embrapa ainda serviram à elaboração, para cada Estado, de mapas com a repartição do valor da produção agropecuária por microrregião e sua concentração territorial. No Paraná, das 39 microrregiões, 20 respondem por mais de 75% do valor de produção do estado e a região de Toledo responde por 9,4% de tudo o que é produzido .

Aplicações

Num momento em que o sistema financeiro volta-se cada vez mais para o setor agrícola, o estudo da Embrapa indica qual a repartição territorial da riqueza produzida e as microrregiões que concentram os maiores valores, tanto para a produção animal como para a produção vegetal. Seus dados especializados podem apoiar, de forma mais eficiente, a implantação territorial de serviços de fomento agrícola, de fornecimento de insumos e redes de distribuição e abastecimento, bem como diversos serviços, com ênfase para o financiamento da agricultura.

Tais serviços nem sempre acompanham a dinâmica territorial da agropecuária, pois as áreas produtivas se deslocam em função de novos desenvolvimentos tecnológicos, logísticos ou oportunidades de mercado. O estudo permite confrontar a pertinência da localização atual dos principais produtos com a distribuição territorial da estrutura tradicional de apoio, fomento e fiscalização do Ministério da Agricultura. E pode contribuir para uma melhor realocação de recursos. Para a pesquisa agropecuária e os processos de inovação, o estudo indica onde estão territorialmente os maiores desafios para ampliar a produtividade e a sustentabilidade dos sistemas de produção. Os bancos de dados gerados apoiarão novos estudos sobre renda e pobreza rural, além de trabalhos em Inteligência Territorial Estratégica, desenvolvidos pelos centros da Embrapa no país.

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