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No geral, desde 2009, a taxa de desmatamento caiu 85% nas cidades analisadas, chegando a 1.049 km²/ano. | Daniel Beltrá/Greenpeace
No geral, desde 2009, a taxa de desmatamento caiu 85% nas cidades analisadas, chegando a 1.049 km²/ano.| Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace

Nos últimos 11 anos, desde que foi criada a Moratória da Soja (parceria entre ONGs, entidades e empresas agropecuárias, e governo federal), apenas 1,2% do desmatamento na Amazônia foram provocados pela oleaginosa.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Ministério do Meio Ambiente e fazem parte do relatório 2016/17 do Grupo de Trabalho da Soja (GTS), que monitora por satélite o plantio do grão na região do bioma, envolvendo os estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amapá, Maranhão e Tocantins.

De acordo com o levantamento, a área dedicada à oleaginosa na Amazônia mais do que triplicou no período, passando de 1.140 mil hectares na safra 2006/07 para 4.480 mil de hectares na safra 2016/17. Do total, somente 47,3 mil hectares estavam em desacordo com a Moratória. No geral, desde 2009, a taxa de desmatamento caiu 85% nas cidades analisadas, chegando a 1.049 km²/ano. Mato Grosso teve a maior participação no cultivo de soja irregular, com 36,1 mil ha (76,2%), seguido do Pará, com 7,4 mil ha (15,7%), do Maranhão, com 2,2 mil ha (4,7%) e de Rondônia, com 1,6 mil ha (3,4%).

Ainda segundo o estudo, o ganho em extensão do grão ocorreu principalmente em áreas de pastagens que já haviam sido desflorestadas antes do pacto de desmatamento zero, o que revela a eficácia dessa iniciativa no sentido de permitir o desenvolvimento da produção de alimentos sem estimular a conversão de floresta em sojicultura, menciona o relatório.

“Observamos que a soja não é um vetor relevante de desmatamento no bioma Amazônia”, salienta Carlo Lovatelli, coordenador do setor privado na Moratória da Soja e presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) até setembro de 2017. “É importante destacar a evolução que houve na governança ambiental pública e privada na última década, sobretudo com as novas ferramentas do Código Florestal de 2012, notadamente o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O CAR define as áreas para produção e as destinadas para conservação, indicando, inclusive, se será necessário promover a recuperação de áreas degradadas.”

“Após 11 anos de excelentes resultados, a Moratória precisa continuar a ser fonte de inspiração para outras políticas corporativas de desmatamento zero e fonte de reflexão sobre a importância de ampliar tais medidas para outros ambientes frágeis e com altas taxas de desmatamento, como é o caso do Cerrado”, completa Paulo Adario, coordenador do Grupo de Trabalho da Soja (GTS) e estrategista sênior de florestas do Greenpeace.

Moratória da soja

A Moratória da Soja, declarada em julho de 2006 pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e empresas associadas, é um compromisso de não aquisição nem financiamento da soja cultivada em áreas desmatadas do bioma Amazônia a partir de julho de 2008, data de referência adotada após a vigência do Código Florestal.

Anualmente, o GTS divulga o Relatório do Monitoramento por Imagens de Satélite dos Plantios de Soja no Bioma Amazônia. O GTS reúne a Abiove, a Anec e empresas associadas, a sociedade civil (Greenpeace, WWF Brasil, TNC, Imaflora, Ipam e Earth Innovation), o Ministério do Meio Ambiente e o Banco do Brasil. O relatório é assinado pela Agrosatélite, pela Abiove e pelo Inpe e auditado por esse instituto.

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