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| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Centenas de pessoas entram diariamente na plantação de trigo de Prudentópolis (Centro-Sul do Paraná) onde apareceram marcações atribuídas a alienígenas. Em nome da curiosidade, as pessoas destroem parte da lavoura, afirma o proprietário do terreno e radialista Tito Santini.

“Eu brinco que os terráqueos estão causando mais danos que os ETs”, disse, durante a passagem da Expedição Agricultura Familiar pela região. Nesta semana, o projeto do Agronegócio Gazeta do Povo percorre Paraná e Mato Grosso do Sul com duas equipes.

Propriedade rural se transformou em atração nos Campos Gerais, onde está a fazenda.Jonathan Campos/Gazeta do Povo

As chuvas seriam a principal preocupação nesta época para o trigo. Mas, por enquanto, o problema é mesmo o acamamento inesperado e as trilhas abertas no meio do trigal.

A área dos desenhos atribuídos a extraterrestres é considerada pequena – representa cerca de 1% dos 30 hectares cultivados na propriedade. Porém, a trilha de aproximadamente 100 metros que dá acesso ao local está se alargando.

Pisoteadas, as plantas dão lugar à lama. Num dos lados da lavoura, uma cerca de arame foi derrubada e pelo menos três pontos diferentes viraram “entradas” para a plantação.

Santini considera que, como a área marcada corresponde a menos da metade de um campo de futebol, seria exagero calcular prejuízo. Ele não acionou seguro nem a polícia. As seguradoras cobrem apenas danos climáticos.

Inusitado

Em sua avaliação, a curiosidade da população aos poucos vai passar e nenhuma providência radical será necessária. Pesquisadores, imprensa e curiosos recebem sua autorização para ver o trigo.

Perto de 500 pessoas estariam entrando diariamente na propriedade, cultivada por um arrendatário. Um dos visitantes desta terça-feira era o professor de didática Carlos Machado, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), de Guarapuava. Ele pediu autorização para entrar na área, tirar medidas do solo e fotografar detalhes das plantas deitadas.

“Muita gente já entrou. Fizeram novas marcas, e isso modificou o desenho”, lamenta. Machado é da área de pedagogia e pesquisa o fenômeno por interesse pessoal. “Não estou presumindo que foram ETs, apenas coletando dados”, disse, “o procedimento é parecido com o de uma investigação policial”.

Cada um dos visitantes que aparece na propriedade tem uma explicação inusitada para o fato.Jonathan Campos/Gazeta do Povo

De uma ponta a outra do desenho, são cerca de 100 metros. Mas não é possível ver a composição inteira da beira da estrada nem do próprio local. Mesmo à distância, a visão é diagonal e assemelha-se a marcas de pulverização. Só imagens aéreas permitem observação completa.

Cada um dos dois anéis principais tem 46 metros lado a lado. Com 22 passos, um adulto atravessa o círculo central que forma um olho entre os dois anéis. Os círculos laterais são pequenos.

Sobram argumentos para quem acredita ou não em ETs. Um detalhe visível mesmo nos círculos menores inspira os incrédulos: todas as marcações na lavoura têm canal de entrada, ou seja, devem ter sido feitas do solo e não de algum objeto voador.

Além disso, as plantas estão deitadas numa mesma direção, no sentido anti-horário. Se tivessem sido acamadas por força que viesse de cima para baixo, teriam se espalhado em diferentes direções.

Formas geométricas ocupam área do tamanho de uma campo de futebol.Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Por outro lado, os caules não estão quebrados, o que intriga os observadores. Foram deitados por algo menos agressivo do que um trator. Além disso, não há rastros de pneus. “Não sei o que houve, não sei mesmo”, afirma Santini.

Uma plantação de trigo delicadamente acamada, em círculos que podem ter alguma mensagem implícita, não é algo assustador em si, afirma o técnico do Instituto Emater, Divo Batista.

“Sei que é comum aparecerem marcações no trigo. Se alguém entrou na lavoura e fez os círculos, merece os parabéns, foram muito bem feitos,”, afirma, sem tomar partido. Formado em história, ele considera muito limitada a ideia de que “estamos sozinhos no universo”.

O clima chuvoso, no entanto, é o que mais preocupa a triticultura neste momento, relata Batista. “As chuvas começam a pestear a plantação”, resume.

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