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Eventos extremos, como chuvas torrenciais, devem se tornar mais comuns; hoje, eles podem provocar perdas bilionárias. | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Eventos extremos, como chuvas torrenciais, devem se tornar mais comuns; hoje, eles podem provocar perdas bilionárias.| Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo

Como será a agropecuária daqui a 50 ou 100 anos, é impossível dizer com certeza. O fato é que ela não será igual e a razão é simples: o mundo não estará do mesmo jeito.

Sob o efeito cada vez mais intenso das mudanças climáticas, a atividade terá que beirar a perfeição, sem direito a grandes perdas. Para especialistas, só há uma maneira de chegar a esse patamar: alto investimento em tecnologia.

“A agricultura já é muito profissional, mas terá que ser ainda mais eficiente numa situação climática não muito favorável”, avalia Mateus Barros, líder das operações sul-americanas da Climate Corporation. Barros estará no 4º Fórum de Agricultura da América do Sul, entre os dias 25 e 26 de agosto, para apresentar a experiência com a companhia norte-americana adquirida pela Monsanto em 2013.

Campo precisa de saída para alimentar o mundo sem esgotar o planeta

Como se não bastasse plantar em condições tão adversas, no futuro será preciso colher muito mais. A Organização das Nações Unidas estima que, até 2100, a população mundial chegue a 11,2 bilhões de habitantes (hoje estamos em 7,3 bilhões). Neste ponto, inovação e sobrevivência surgem como sinônimos, para que se possa produzir mais e poluir menos.

Além do aprimoramento da biotecnologia, com sementes mais resistentes às secas ou chuvas intensas, o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Celso Manzatto, reforça que as lavouras de uma só cultura, que emitem mais gases do efeito estufa (GEEs), terão que ser integradas a sistemas florestais e de pastagens. A pecuária, aliás, deve superar o estigma e se tornar uma das atividades cruciais para controlar o aquecimento global.

“Precisamos ganhar em eficiência. Hoje, temos uma média 0,5 a 0,7 animal por hectare, quando o número poderia chegar a 3 por hectare”, explica Manzatto. “A pecuária lidera as emissões de GEEs no campo, por causa de pastagens degradadas. Com pastos recuperados, é possível aumentar a fixação de carbono no solo, diminuindo a quantidade dos gases formados por esse elemento na atmosfera e reduzindo o efeito estufa”, completa.

Segundo ele, a expectativa é disponibilizar a plataforma na região dentro de dois anos, mas ela já aponta para o que deve ser o campo num futuro de eventos climáticos extremos, como longos períodos de estiagem ou temporais mais frequentes, o que, hoje, pode provocar quebras bilionárias. “Teremos o uso mais frequente de sensores que permitem avaliar condições específicas de fazenda para fazenda. Tudo isso vai ajudar o produtor a compreender e se antecipar a essas mudanças”, salienta o executivo.

No Brasil, pesquisadores da Embrapa também têm se dedicado a entender como o futuro da agricultura passa por estas transformações.

De acordo com Eduardo Assad, da Embrapa Informática, já é possível prever com 80% de precisão o comportamento do clima durante a safra e fazer projeções até o ano de 2040, a partir do zoneamento agrícola. Mas, frisa o pesquisador, é preciso agir agora para que o quadro não piore. “Esses modelos têm como base um aumento médio de até 2°C na temperatura do planeta, em relação aos níveis pré-industriais. Acima disso, não sabemos o que pode acontecer e, atualmente, já temos uma elevação de mais de 1°C”, salienta.

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