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Com auxílio de moto, Alejandro Calderón monitora 1,2 mil hectares dedicados a soja, milho e trigo e revela ter voltado a ficar otimista com atividade no campo. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Com auxílio de moto, Alejandro Calderón monitora 1,2 mil hectares dedicados a soja, milho e trigo e revela ter voltado a ficar otimista com atividade no campo.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

No final do ano passado, quando começou o plantio da safra atual, o argentino Alejandro Calderón acreditava que este poderia ser o último dos 25 anos em que atua na agricultura. Operando no prejuízo em virtude de políticas econômicas adotadas pelo governo de Cristina Kirchner, ele cogitava abrir mão das áreas de arredamento e colocar a venda os 300 hectares dedicados à soja, milho e trigo em Pergamino, na província de Buenos Aires. “Mesmo com boas produtividades a renda era negativa. Estava encolhendo aos poucos. Não tinha vontade de seguir trabalhando”, diz. A decisão só não seguiu adiante pois o candidato de oposição Maurício Macri venceu as eleições presidenciais do país no final do ano passado, e implementou uma série de medidas que transformaram a realidade do país, principalmente no campo.

Efeitos sobre o plantio ficam para 2016/17

Como a troca de comando na presidência argentina ocorreu no final de 2015, o efeito sobre a decisão de plantio dos agricultores foi limitado. A partir de agora, no entanto, o diagnóstico é de que haverá um salto no plantio de trigo no próximo inverno, abrindo margem também para uma expansão do milho no próximo verão. “A área plantada de trigo pode crescer até 30% no país. Haverá um salto muito grande na província de Buenos Aires, onde o cereal é muito competitivo”, diz o analista da Bolsa de Comércio de Rosário, Guillermo Rossi. “O produtor argentino gosta de plantar trigo e com essa perspectiva com certeza teremos um aumento de área”, complementa o chefe de Cereais da Cooperativa Agrícola de Monje, Carlos Segovia.

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O otimismo que contagiou Calderón se repete em outras regiões de produção do país visitadas pela Expedição Safra em roteiro de 2 mil quilômetros cumprido na última semana. “A cara do produtor mudou neste ano. Há uma expectativa muito positiva”, resume o chefe de Cereais da Cooperativa Agrícola de Monje (Santa Fé), Carlos Segovia.

Com cem dias recém-completados a frente do país, Macri implementou medidas que transformaram o ambiente de negócios no campo. As principais mudanças foram a suspensão de cotas de exportação e o fim da cobrança das retenciones (impostos) para o milho e o trigo, além da redução de 35% para 30% do tributo sobre a soja. Como complemento, uma política de reunificação cambial proporcionou uma forte desvalorização do peso perante o dólar, impactando diretamente a remuneração dos agricultores. Se antes a compra de um dólar exigia 9,80 pesos, hoje são necessários 15 pesos, compara o analista da Bolsa de Comércio de Rosário, Guillermo Rossi. “O ambiente de venda melhorou muito. A soja está com a rentabilidade ajustada, pois os preços subiram mais que os custos”, pontua. Hoje o valor pago pela tonelada chega a 3100 pesos para a oleaginosa e 2150 pesos para o milho.

A calmaria econômica mantém o setor confiante, mesmo projetando uma colheita abaixo do recorde de 60 milhões de toneladas de soja consolidado no ano passado. A colheita ainda não chega a 10% dos campos, mas produtores e técnicos estimam uma queda de até 15% nas produtividades. “Tivemos muito calor e pouca chuva em janeiro. Com isso vamos ter um rendimento entre 3 e 3,2 mil quilos por hectare, contra 3,7 mil quilos na temporada passada”, compara Segovia, destacando os dados de 20 mil hectares de plantio na área de abrangência da cooperativa.

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