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Lavoura de soja na Argentina: safra 2017/18 está ameaçada pela seca e falta de chuvas | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Lavoura de soja na Argentina: safra 2017/18 está ameaçada pela seca e falta de chuvas| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os últimos meses de 2017 e o início de 2018 foram cruéis para o terceiro maior produtor de grãos do mundo, a Argentina. O plantio de soja, que deveria ter terminado na primeira quinzena de janeiro, ainda está próximo a 97%, informa a analista da Bolsa de Comércio de Rosário, Emilce Terré.

“Há muitas áreas com problemas de seca, e que não conseguiram terminar a semeadura. E ainda não se sabe se essas áreas poderão mesmo ser semeadas ou se ficarão de fora”, disse Terré à Gazeta do Povo. “O problema atinge principalmente o norte do país, mas em Buenos Aires principal região produtora, também temos zonas muito complicadas. É, talvez, o epicentro da seca”.

Com isso, o resultado da safra será provavelmente o pior dos últimos anos, segundo a especialista da Bolsa de Rosário. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu novamente a projeção de plantio em 100 mil hectares para o período 2017/18. A de Rosário, em 200 mil hectares. O fato é que, ao invés de 19,2 milhões de hectares, o plantio deve ficar por volta de 18 milhões.

Sem água, sem soja, sem milho

Com a crise hídrica, a produção deve ser definitivamente menor. Se na safra passada (2016/17) o volume de soja chegou a 57,8 milhões de toneladas, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), agora, Rosário estima a produção atual em 52 milhões de toneladas para a nova temporada. “Vai ser o menor resultado em vários anos. Certamente as últimas três safras foram melhores”, recorda a analista.

Para se ter uma ideia, o segundo maior produtor mundial, o Brasil produziu 110,2 milhões de toneladas de soja e deve ter safra similar, apesar dos efeitos do La Niña, podendo superar a safra passada devido ao aumento de 4,5% da área de plantio, indica estimativa da Expedição Safra. Até o final do ano, o Paraná, por exemplo, também vinha sofrendo com as secas, mas a situação mudou neste início de ano, com chuvas regulares na maioria das regiões produtoras.

Bolsa de Comércio de Rosário prevê produção de 52 milhões de toneladas de soja na safra 2017/18Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Bolsa de Rosário também reduziu a estimativa de produção de milho em 4%, passando a 39,9 milhões de toneladas. “O milho precoce (de início de ano) está muito comprometido. Já o semeado mais tarde ainda está bem, e falta um pouco mais de tempo”, afirma Terré.

Diferente do Brasil, que está com preços muitas vezes menores que o custo de produção, os produtores argentinos têm uma ‘vantagem artificial’ nesse cultivo: a isenção de taxação sobre o milho, o que incentiva os ‘hermanos’ a trabalharem mais essa cultura. “Isso faz com que o milho ganhe certa competitividade”, diz a especialista da bolsa. Ela lembra também que a partir deste mês, as taxações sobre a soja também começam a cair mensalmente em 0,5 ponto percentual por dois anos, o que irá reduzir de 30% para 18% ao final do período.

Situação das lavouras

As expectativas não são boas para o verão como um todo na Argentina. “O prognóstico, com o La Niña, é de um verão seco para nós, com chuvas abaixo do normal, e isso e é o mais preocupante. De qualquer maneira, podem ocorrer fenômenos regionais para termos mais chuvas”, afirma Terré.

Em curto prazo, para os próximos dias, o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA), da Argentina, prevê temperaturas quentes e algumas chuvas de intensidade variada para o Norte. Nos Pampas argentinos, o que inclui as principais regiões produtoras, a previsão é de chuvas isoladas.

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