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“O Brasil não consegue se beneficiar, pois a maior parte de sua produção de etanol tem sido utilizada no abastecimento doméstico”, afirmou a Unica. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
“O Brasil não consegue se beneficiar, pois a maior parte de sua produção de etanol tem sido utilizada no abastecimento doméstico”, afirmou a Unica.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A China suspendeu a importação de etanol dos EUA e está atrás de novos fornecedores, depois que passou a impor tarifas extras de importação contra os produtos que vinham das usinas americanas. Num contra-ataque à política de Donald Trump, Pequim aplicou novas alíquotas a 128 produtos americanos, entre eles o etanol.

Agora, a avaliação é de que a China terá de buscar novos fornecedores para abastecer seu consumo doméstico. As tarifas para os americanos aumentaram de 30% para 45%, levando empresas chinesas a abandonar por enquanto a compra dos EUA.

Num primeiro momento, o plano é usar os estoques de milho do país para produzir domesticamente o etanol. Mas, para chegar às metas do governo de ter 10% do mix energético composto pelo biocombustível até 2020, a avaliação é de que a China terá de voltar a importar.

Mesmo sendo hoje o terceiro maior produtor de etanol do mundo, atingir as metas estipuladas pelas autoridades promete ser um desafio. Para chegar à taxa proposta pelo governo, o país terá de consumir 15 milhões de toneladas de etanol a cada ano, sete vezes o que os asiáticos produzem hoje.

Diplomatas chineses na OMC indicaram que uma das alternativas que está sendo considerada é a de garantir esse abastecimento com o produto brasileiro. Isso, no entanto, não seria imediato. O etanol brasileiro é considerado caro e a produção não é suficiente.

Aumento

Nos últimos anos, a China aumentou de forma substancial suas compras de etanol. Em 2015, havia importado 686 mil metros cúbicos, um aumento de 2.700% em relação a 2014. Em 2016, as compras aumentaram em mais 51%.

Mas em 2017, com uma primeira elevação de tarifas de 5% para 30%, as importações desabaram. Elas começaram a ser retomadas apenas em janeiro de 2018, com um total de 280 mil metros cúbicos de compras dos EUA nos dois primeiros meses do ano. A retomada das compras havia ajudado a exportação mundial de etanol americano a bater um novo recorde.

Porém, a guerra comercial entre Trump e Pequim uma vez mais obrigou o setor a repensar sua estratégia. Antes mesmo da entrada em vigor das novas tarifas chinesas, os exportadores americanos já temiam o impacto negativo da política comercial da Casa Branca.

“A resposta da China era esperada, dada as recentes ações de nosso governo (Trump) em implementar novas tarifas”, disse Bob Dinneen, presidente da Associação de Fabricantes de Combustíveis Renováveis dos EUA. “Espero agora que a Casa Branca entenda o impacto que suas ações têm sobre a indústria do etanol americano e de seus fazendeiros.”

Brasil não vai se beneficiar, diz Unic

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) afirmou em comunicado que o Brasil não deve se beneficiar da suspensão das importações e do aumento na taxação do etanol dos EUA pela China. Segundo a entidade, a série de ações comerciais adotadas pelos dois países tem como resultado a desorganização do comércio mundial. “O Brasil não consegue se beneficiar, pois a maior parte de sua produção de etanol tem sido utilizada no abastecimento doméstico (...). Tampouco os chineses se beneficiam da medida, visto que os preços domésticos tendem a subir.”

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