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Terceira fase da Operação Carne Fraca:, batizada de a sobre a Operação Trapaça :  coletiva de imprensa foi realizada em Curitiba na manhã desta segunda-feira (5) | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Terceira fase da Operação Carne Fraca:, batizada de a sobre a Operação Trapaça :  coletiva de imprensa foi realizada em Curitiba na manhã desta segunda-feira (5)| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Em meio a uma profunda crise de gestão e afundada num prejuízo de R$ 1,1 bilhão, a BRF – maior processadora de alimentos do Brasil - foi alvo na nova fase da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (5).

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Em entrevista coletiva concedida à imprensa nesta manhã, o coordenador da operação, delegado Maurício Moscardi Grillo, explicou que o caso, por enquanto, está concentrado em fraudes sanitárias em três plantas da empresa, uma no Paraná (em Carambeí) e as outras duas em Goiás (em Mineiros e Rio Verde), que produzem carne de frango e de peru.

Segundo Moscardi, laudos sobre a presença de salmonela spp. foram fraudados com ajuda de cinco laboratórios, todos particulares – sendo que três eram independentes e cadastrados junto ao Ministério da Agricultura (Mapa) e outros dois pertenciam à própria BRF.

“Boa parte do material analisado foi com base na primeira fase da operação [em 2017], muitas provas surgiram através até de cooperados que trabalham para a empresa, trazendo elementos que pudessem comprovar as informações”, afirma Moscardi. “Dentre as provas, eu destacaria trocas de e-mails entre executivos e o setor de controle de qualidade da BRF. Essas provas são bastante claras e evidentes, de um sistema de fraude bastante complexo para fraudar e burlar a atuação do Mapa.”

O delegado afirma que, em um dos e-mails, uma funcionária do setor de qualidade é questionada por um colega a respeito das fraudes, se não seria possível operar dentro dos padrões legais, e responde que tudo seria “exigência da empresa”.

“Percebemos que o início disso é nas granjas, onde há contaminação e a empresa não toma os cuidados necessários para administrar essa situação, com isso passa-se a questão às plantas e análise laboratorial”, diz Moscardi. “Eles tinham como praxe a adulteração do quantitativo de determinado patógeno. Se o exigido era 20%, eram encontrados, por exemplo, até 70%. Não resta qualquer tipo de dúvida sobre fraude, que envolve o setor de qualidade da empresa e os executivos, até o presidente. Eles tinham o conhecimento dos fatos que aconteciam. Quando havia fiscalização, tiravam os materiais irregulares dos depósitos.”

As investigações apontam, ainda, conforme a PF, para a adulteração da ração oferecida às aves, a chamada Premix.

Fiscalização Conjunta

Bastante criticada pelo próprio Mapa durante a primeira fase da Operação Carne Fraca, em março de 2017, as investigações desta nova etapa têm o apoio de fiscais agropecuários do ministério. De acordo com o delegado da PF, à época, como os casos envolviam a corrupção de servidores federais, o trabalho poderia ficar comprometido, diferentemente da situação atual.

O coordenador Geral de Inspeção do Mapa, Alexandre Campos da Silva, que esteve à frente dos trabalhos pelo lado do Ministério da Agricultura, ressaltou que, até o momento, a salmonela em questão é a spp, que não oferece riscos à saúde desde que a carne não seja consumida crua, conforme recomendações de preparo.

“Essa operação de hoje foi para apurar a presença de salmonela, mas temos 2 mil tipos de salmonela e somente dois representam riscos à saúde [que são as salmonelas se e st (enteritidis e typhimurium)]”, frisa o coordenador. “A investigação continua, mas, nos autos, até agora, não há nenhum problema que representasse a presença e fraude desses dois patógenos [que oferecem riscos]. Tratam-se só da salmonela sp, que representa restrições para 12 destinos, entre os mais de 150 que o Brasil exporta.”

Ele acrescenta que os laboratórios e as plantas investigados foram suspensos. No primeiro caso, as análises - independentemente do cliente - estão proibidas. No segundo, as exportações para países que tenham restrição a esse tipo de salmonela é que estão proibidas. Inicialmente, são 12 destinos, incluindo União Europeia.

Números

Dos 11 mandados de prisão temporária, apenas um ainda não havia sido cumprido até a manhã desta segunda-feira, contra o ex-gerente geral da unidade da BRF em Carambeí. O ex-presidente da companhia, Pedro de Andrade, já está preso.

Ao todo, a Justiça Federal no Paraná expediu 91 mandados: 11 de prisão temporária, 27 de condução coercitiva (quanto o investigado é levado para depor) e 53 de busca e apreensão.

A operação desta segunda (5), batizada de Trapaça, é a primeira fase da Carne Fraca em 2018. Duzentos e setenta policiais federais e 21 auditores fiscais federais agropecuários participam das buscas.

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