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Cinco startups que se uniram num espaço dedicado a oferecer soluções inteligentes e integradas em agricultura digital. | Flávio Bernardes/Gazeta do Povo
Cinco startups que se uniram num espaço dedicado a oferecer soluções inteligentes e integradas em agricultura digital.| Foto: Flávio Bernardes/Gazeta do Povo

O crescimento dá para notar “de olho”, mas o horizonte para as empresas de tecnologia em agronegócio segue até perder de vista. Se, até cinco anos atrás, eram poucos os estandes dos empreendimentos especializados, agora eles já têm praticamente uma rua própria dentro dos 440 mil m2 onde o Agrishow é realizado, em Ribeirão Preto (SP). E é num dos “quarteirões” que está a Fazenda Inteligente, uma iniciativa de cinco startups que se uniram num espaço dedicado a oferecer soluções inteligentes e integradas em agricultura digital.

Rapahel Pizzi é sócio da AgroSmart, que está há pouco mais de dois anos no mercado e é voltada especificamente à irrigação. Com a instalação de módulos na lavoura, que medem a umidade do solo, bem como as condições meteorológicas, eles fazem uma série de recomendações ao agricultor. “O produtor não precisa coletar os dados no campo, tudo isso é coletado pelos módulos e enviado pela internet. A gente diz quando ele precisa irrigar e a quantidade”, garante. “É a primeira vez que a gente participa da feira, e com essa Fazenda Inteligente queremos para mostrar o conceito da fazenda do futuro e dizer que o futuro já chegou, que o produtor já pode comprar, está tudo disponível”, complementa.

Concorrência pressiona as “grandes”

Com o mercado de startups agrícolas fervilhando, as empresas já consolidadas no mercado são ainda mais pressionadas a renovar suas bases. A norte-americana Trimble, por exemplo, trouxe uma série de novidades para o Agrishow 2017. “Mas as startups tem muitas ideias interessantes, isso é bom para nós também. Muitas acabam sendo adquiridas por empresas maiores, que tem redes de distribuição mais consolidadas”, avalia Guillermo Perez-Iturbe, diretor da companhia para a América Latina.

Em comum, além do DNA de inovação, as empresas recebem aportes de um fundo de investimento ligado ao banco de fomento do estado de São Paulo, chamado SP Ventures. O representante do fundo, Thiago Lobão, explica que, desde 2008, o SP Ventures monitora as empresas com potencial de mercado e, quando se interessa por alguma, negocia uma participação na startup e começa a investir. Em média, os recursos giram em torno de R$ 4 milhões por empresa, mas o valor pode chegar a R$ 15 milhões. “Podemos dizer que as empresas que estão aqui já são até mais maduras que startups, contam com faturamento e rede de distribuição, sendo que as empresas novas de tecnologia em agricultura estão crescendo demais. Somente na nossa carteira, já temos 15 delas.”

Mais acessível

Um dos pontos que impulsionam as startups é o barateamento da tecnologia. A SpecLab, por exemplo, criou um sistema pioneiro no mundo, que utiliza sensores especiais para medir a radiação infravermelha liberada pelas moléculas de nutrientes do solo quanto elas “vibram”. Assim é possível identificar de forma precisa todas as características de fertilidade. Tudo isso em 30 segundos e por R$ 40, economia de 60% em relação à análise tradicional. “Hoje são feitas 4 milhões de amostras no Brasil, mas há potencial para 8 milhões. A gente acredita que a nossa proposta venha a reduzir boa parte das limitações”, comenta o engenheiro de produção e sócio da empresa, Thiago Camargo.

Agricultura do futuro, desafios do passado

A agricultura é “do futuro”, mas os desafios já existem e há bastante tempo, principalmente quando o assunto é infraestrutura. É neste ponto que as startups atacam. Para driblar a cobertura de internet no Brasil, que, dependendo da região, praticamente inexiste, a Agrosmart tem trabalhado com comunicação via rádio dentro da propriedade. “Basta que o agricultor tenha um único ponto de acesso à rede para ter acesso a todas as informações”, esclarece Raphael Pizzi.

O chefe de vendas da InCeres, que também atua na análise de solos, Mirgon Brandt diz que um dos principais desafios é a “conversação” entre as diferentes tecnologias, independentemente da marca, para otimizar o uso das ferramentas. “Hoje temos que programar nosso sistema para ler todas as versões, não há um padrão”, afirma. “A Embrapa tem uma proposta de normatizar para facilitar a integração de dados, aqui dentro da Fazenda Inteligente a proposta das startups é integrar. Mas entre outras empresas há um distanciamento muito grande”, completa.

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