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Consumo de lácteos está diretamente relacionado ao poder de compra do consumidor | Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo
Consumo de lácteos está diretamente relacionado ao poder de compra do consumidor| Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo

A queda no preço do leite pago aos produtores, que começou precocemente em junho, se intensificou no último mês de agosto. Segundo cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, na “média Brasil” o preço líquido (que não considera frete nem impostos) recuou 8 centavos por litro (ou 6,38%) na comparação com julho, fechando a R$ 1,1555 o litro.

Este é o menor patamar, em termos reais, desde abril de 2016 (quando foi de R$ 1,1516/litro) – já com os dados deflacionados pelo IPCA de julho de 2017. Se comparada com agosto de 2016, a baixa é de 23,34%, também em termos reais.

O recuo na cotação do leite no campo continua ocorrendo devido à demanda enfraquecida por lácteos na ponta final da cadeia. Como o consumo está diretamente relacionado ao aumento da renda, o menor poder de compra do consumidor brasileiro segue desaquecendo o mercado.

Pelas pesquisas do Cepea que monitoram os preços dos lácteos negociados entre indústria e atacado no Brasil, promoções têm sido frequentes para tentar manter o fluxo de vendas e evitar formação de estoques. Dessa forma, os preços do leite UHT e da muçarela, os derivados mais consumidos no País, se desvalorizaram 5,46% e 3,20% de julho para agosto, respectivamente.

Além do baixo consumo, o aumento da oferta também influenciou a diminuição dos preços no campo. A captação de leite pelas indústrias se elevou em 4,42% de junho para julho, de acordo com o Índice de Captação de Leite (ICAP-L). Todos os estados, com exceção de Goiás, apresentaram alta, devido às condições climáticas não muito adversas e aos patamares atrativos dos preços da silagem, o que favorece a produção.

Para setembro, 74,8% dos agentes consultados pelo Cepea (que representaram 76,9% do volume amostrado) continuam apostando em queda nos preços. Por outro lado, a parcela de colaboradores do Cepea que esperam alta se elevou, chegando a 13,8% (ou 19,4% do volume amostrado). Os que acreditam em estabilidade responderam por 11,4% da amostra (ou 3,7% do volume).

Os preços no campo nos próximos meses vão depender, principalmente, da demanda e das condições climáticas. O recuo da taxa de desemprego no trimestre terminado em junho, ainda que de apenas 0,2%, dá sinais de uma possível reação do consumo.

De acordo com dados do IBGE, o mercado de trabalho vem se recuperando, mesmo que apoiado na geração de empregos informais. Já no que diz respeito às condições climáticas, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontou águas mais frias no Oceano Pacífico e a possibilidade de o fenômeno La Niña atingir o Brasil nos próximos meses. A ocorrência do fenômeno dependerá das correntes de vento daqui para frente. De acordo com as projeções do Inmet, se houver La Niña, as chuvas devem retornar mais tarde neste ano, apenas no final de outubro, e com mais irregularidade.

Para o pecuarista, a estiagem diminuiria a qualidade das pastagens e afetaria a produção. Ao mesmo tempo, para o agricultor, o plantio do milho é prejudicado, o que pode, consequentemente, influenciar na precificação da ração do gado, resultando em menor produção leiteira.

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