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Frigorífico da JBS: empresa foi a única do setor de proteína animal a apresentar lucro no primeiro trimestre de 2017. | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Frigorífico da JBS: empresa foi a única do setor de proteína animal a apresentar lucro no primeiro trimestre de 2017.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Consolidada a lista dos 20 maiores lucros e prejuízos das maiores empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), uma surpresa: a única do setor de proteína animal a apresentar lucro no primeiro trimestre foi a JBS. Enquanto isso, BRF e Marfrig ocupam a primeira e a quarta colocação em prejuízo.

“O que temos de avaliar neste momento é que são empresas que estiveram envolvidas em escândalos, como a Carne Fraca. Mesmo que a Marfrig não tenha sido citada, as exportações de carne caíram, e isso afeta os resultados e o comportamento na bolsa”, afirma Fernando Henriques Iglesias, analista de carne da consultoria Safras & Mercados.

No vermelho

Confira a lista de empresas com capital aberto que terminaram o primeiro trimestre no prejuízo, com a respectiva área de atuação:

•BRF AS (Carnes e derivados): R$ -281.434

•PDG Realt (Edificações): R$ -275.720

•Rumo S.A. (Transporte ferroviário): R$ -249.193

•Marfrig (Carnes e derivados): R$ -233.210

•BR Pharma (Medicamentos e outros produtos): R$ -230.949

•Oi (Telecomunicações): R$ -200.161

•Dufry AG (Produtos diversos): R$ -192.439

•B2W Digital (Produtos diversos): R$ -176.761

•Rossi Resid (Edificações): R$ -162.883

•Lojas Americ(Produtos diversos): R$ -132.904

•Prumo(Serviços de apoio e armazenagem): R$ -111.794

•Triunfo Part (Exploração de rodovias): R$-100.964

•Renova (Energia elétrica): R$ -95.698

•Ampla Energ (Energia elétrica): R$ -79.160

•Contax (Serviços diversos): R$ -78.051

•Cosan Log (Transporte ferroviário): R$ -70.922

•BTG Pactual (Gestão de recursos e investimentos): R$ -67.969

•Tecnisa (Edificações): R$ -63.433

•Telebras (Telecomunicações): R$ -62.175

•CPFL Renovav (Energia elétrica): R$ -56.325

Fonte: Economatica

Lucros e prejuízos: BRF, Marfrig e JBS

Envolta na polêmica da semana que coloca em xeque o governo Temer, o lucro da JBS foi de R$ 422 mil no trimestre. Comparado ao ano passado, a diferença é considerável. Nos três primeiros meses de 2016, houve prejuízo na maior companhia de proteína animal do planeta: R$ 2,7 milhões negativos - variação de R$ 3,1 milhões em relação aos três primeiros meses de 2017.

Já a BRF e a Marfrig tiveram prejuízos de R$ 281 mil e R$ 233 mil, respectivamente, no primeiro trimestre deste ano, conforme levantamento realizado pela Economatica, desenvolvedora de sistemas de indicadores financeiros.

Analista de investimentos da PHI Investimentos (representante da Ágora Investimentos em Curitiba), Mehanna Mehanna destaca que as três companhias foram impactadas pela operação da Polícia Federal e acrescenta outro fator: a variação cambial. “Foi o que mais afetou”,explica.

Ele constata também que BRF foi muito afetada pelas exportações para dois de seus principais compradores: China e Hong Kong. “Já a Marfrig aumentou seu endividamento e foi prejudicada no mercado doméstico pela Carne Fraca. Externamente, sua subsidiária teve bons resultados”, informa.

Nicholas Ber Rorch, responsável pelas análises fundamentalistas da PHI, avalia também o porte das empresas. Enquanto o faturamento trimestral da JBS ultrapassa R$ 37 bilhões, a BRF tem R$ 7 bilhões e a Marfrig R$ 4 bilhões. “São três empresas com produtos semelhantes, mas tamanhos diferentes”, lembra. A redução de receitas em 3,8% e o aumento das despesas em 7% foi outro fator para os resultados negativos da BRF, segundo o analista. “A Marfrig teve receitas impactadas em 15%, mas foi mais eficiente”, diz.

Para Mehana, os resultados positivos da JBS se devem muito à força multinacional. “A produção foi muito forte nos Estados Unidos, o que puxou os resultados para cima, com o ciclo do gado favorável. Com maior disponibilidade de produção, a subsidiária americana conseguiu aumentar o volume de exportações”, destaca.

Ber Rorch também destaca que a situação da JBS foi beneficiada, em certo ponto, pelo dólar. “A JBS tem 92% da sua dívida em dólar. Em março do ano passado, estávamos em R$ 3,62 por dólar no período da divulgação do balanço. Até anteontem era R$ 3,10”, avalia. Ele diz que o resultado negativo da JBS no primeiro trimestre de 2016 estava muito relacionado a essa dívida atrelada à moeda americana.

Agronegócio afetado pela crise

Se por um lado a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima crescimento de 2% no PIB do agronegócio, a performance de grandes empresas relacionadas ao setor não está tão boa.

Na lista das 20 organizações com o maior prejuízo e com capital aberto no país, seis têm algum tipo de relação com o setor: BRF, Rumo, Marfrig, Prumo, Triunfo e Cosan. São companhias que trabalham com carne, logística e armazenagem.

Isso significa que 30% das grandes empresas com participação no agronegócio e listadas na bolsa terminaram o trimestre no vermelho.

Segundo Iglesias, as dificuldades geradas pela Carne Fraca acabaram afetando toda a cadeia. “A grande questão que temos que avaliar é que, no primeiro quadrimestre, o setor encontrou muitas dificuldades na área de proteína animal. Após março, o mês de abril também foi muito ruim. Isso acaba afetando a formação de receitas”, afirma. Ber Rorch também coloca em pauta outras hipóteses: a variação cambial, a redução do crescimento e volume de compras da China.

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