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Ilustríssimos seres da noite, o papo hoje é sério: homofobia. Parece mentira, mas em pleno século 21, na era da informação em tempo real e sob o império do politicamente correto (no melhor sentido da expressão), dois homens esclarecidos – um médico e um estudante de Medicina – ainda são capazes de espancar integrantes de uma banda por causa da orientação sexual de um deles.


A Denorex 80: revolução nos costumes.

A banda curitibana Denorex 80, conhecida por suas performances ousadas e irreverentes, se apresentou no último sábado, dia 29 de setembro, em Londrina. Na manhã seguinte, no salão de café da manhã do Hotel Cedro, o grupo teve dois músicos (o tecladista Sérgio Justen e o guitarrista Gilson Fukushima) brutalmente agredidos por dois irmãos que estavam hospedados no mesmo local. Leia toda a história no blog do músico e ator Alexandre Nero, um dos vocalistas da banda.

O motivo? Os irmãos brigões não suportaram ver “gays” rindo e se divertindo no mesmo ambiente que eles. Detalhe: dos oito integrantes da banda, apenas o vocalista [o ator e diretor de teatro] Maurício Vogue é homossexual – o que de forma alguma minimiza a canalhice da agressão.

Sérgio Justen precisou se submeter a uma cirurgia reparadora de emergência no olho esquerdo – iria tirar o tampão hoje para ver se está tudo bem. Gilson Fukushima foi atingido no nariz, com menor gravidade.

Os músicos registraram Boletim de Ocorrência em Londrina e já tomaram as providências legais cabíveis, além de terem ingressado com um pedido de cassação do médico envolvido junto ao Conselho Federal de Medicina. Fizeram muito bem. Com tamanho grau de homofobia, o que seria de um travesti que dependesse dos cuidados desse profissional?

Eu sou fã declarado da banda desde o seu início, em 2003, e já presenciei muitas manifestações (veladas ou nem tanto) de preconceito contra eles. Já os vi serem atingidos por latinhas de cerveja, xingados, mas nada parecido com o que ocorreu no hotel londrinense – por obra de dois turistas paulistas, é bom que se diga.

Muito mais que um grupo de artistas consagrados na cidade que se juntou para fazer farra numa banda, na minha opinião a Denorex 80 provocou uma verdadeira revolução nos costumes da capital do Paraná.

Com seus beijos gays em cena aberta e seu escracho, a banda ajudou o público curitibano a não se levar tão a sério – e a encarar o homossexualismo como um simples traço da personalidade (diferente da maioria, que pode lhe agradar ou não, mas nem por isso uma doença ou anomalia).

Por tudo isso, quero expressar minha solidariedade irrestrita a todos os integrantes da banda – e aproveito para reproduzir o final da nota enviada pela banda à imprensa:

“O DENOREX 80 reitera seu respeito à liberdade de expressão e às diferenças de raça, credo e orientação sexual e não aceita nenhum tipo de pressão para que se cale ou deixe de buscar os seus direitos, que é o que está fazendo nas mais diversas esferas para que situações de intolerância como essas se tornem cada vez menos comuns na nossa sociedade”.

Assino embaixo! Já basta desses fascistas…

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