Sem torcida, Londrina não merece subir para a Série A
O Londrina é a grande surpresa das rodadas finais da Série B. Vem atropelando os rivais e está com 21% de acesso, segundo o matemática Tristão Garcia, do site Infobola. Mas o número não expressa a real chance de subir do Tubarão. Basicamente, o clube precisa vencer o América-MG (no Café) e o Vila Nova (Serra Dourada) e torcer para um mísero tropeço do Paraná, seu rival direto.
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A missão está palpável entre os pé-vermelhos. O time mineiro não depende do jogo no interior paranaense para ser campeão da Segundona. O goiano provavelmente estará cumprindo tabela na última rodada. Para completar, os oponente curitibano não inspira confiança para vencer o CRB, sábado, em Maceió.
Pois bem, após essa breve explicação da tabela, a conclusão: o futebol paranaense está muito, mas muito mesmo, próximo de ter três times na elite do Brasileirão. Porém, se esse for o LEC, os bairristas não têm muito a comemorar. Pelo contrário. A presença do Alviceleste entre os tops do país traz impacto zero para fortalecer o mercado local.
Não há como contestar, com o Londrina na A, os paulistas farão 20, não 19, jogos em casa. Toda vez que Santos, São Paulo, Palmeiras e Corinthians jogarem no Café terão apoio incondicional. Até lateral bem cobrado será aplaudido.
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Os grandes do estado vizinho comandam o coração londrinense. O LEC será a ponte de acesso de um público sedento de ver in loco seu time, algo complicado para os moradores de toda aquela região. É a chance de acompanhar na arquibancada, longe da TV, a agremiação amada e distante.
Não bastasse essa situação constrangedora de público, outro detalhe merece atenção. Em 18 jogos até aqui na Série B até aqui, o Londrina tem uma média de público risível: 2.767 pagantes por jogo, mesmo com uma campanha de tirar o chapéu. A equipe de Tencati, Artur e Germano, com todo o trabalho impecável, perde em apoio, por exemplo, para Náutico e ABC, dois rebaixados. Pior: o Operário, na Série D, carregou uma média de 4.518 fãs por rodada em Ponta Grossa.
O Londrina, independente de qualquer resultado, também deixa lições de gestão e competência ao futebol brasileiro. É uma agremiação blindada de problemas externos, troca de filosofia, demissões de técnico e, sobretudo, preguiça de boleiros. Com pulso firme, o gestor Sérgio Malucelli acredita no trabalho, a ponto de dispensar ao longo da temporada jogadores por mau comportamento extracampo e bancar o treinador em momentos de tensão absoluta.
Foram vários os percalços no ano em que qualquer, qualquer mesmo, dirigente teria trocado o comando técnico e contratado uma série de jogadores para criar um ‘fato novo’. No Tubarão, nem pensar. O projeto está acima de qualquer turbulência.
E essa dependência do dinheiro aportado pelo empresário fecha a tríade de motivos para não se empolgar com o possível acesso londrinense. Em uma proporção maior que os demais clubes, o LEC tem como finalidade dar lucro. E o modelo de terceirizar o departamento de futebol cria uma natural falta de empatia. Não existe coração, tem razão.
Para quem gosta do soccer business, o Londrina é um caso de sucesso. Tem a dose certeira de frieza, mas carece de emoção — leia-se torcida.
