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As ilhas-países do Caribe
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Por: Ana Biselli e Rodrigo Junqueira

O Caribe é repleto de pequenas ilhas colonizadas por diferentes países, como a Inglaterra, França e Holanda, além das maiores, de dominação espanhola. Esta nossa investida ao Caribe se concentrou em algumas das Leeward Islands e esta semana fomos às menos exploradas delas, St Kitts and Nevis e Saba.

St. Kitts já recebe navios de cruzeiros, mas está longe de ser uma ilha dominada pelo turismo, principalmente se comparada com suas vizinhas St Barth e St Martin. A ponta sul da ilha está em pleno desenvolvimento, conforme comentado no post passado. Hotéis, marinas, campos de golfe e uma grande estrutura turística estão se formando para os próximos anos. A região norte da ilha já possui outras características, menos praias, mais campos e montanhas. Região de terras muito férteis, esta área foi a primeira a ser ocupada pelos colonizadores ingleses para as plantações de açúcar, sendo facilmente avistados antigos moinhos e ruínas daquelas eras.


Ana e Rodrigo na boca do vulcão Liamiuga.

O Monte Liamuiga está localizado na cordilheira noroeste da ilha e possui 1.138m de altitude. Liamuiga significa “ilha de terras férteis”, nome dado não só ao monte como à própria ilha pelos índios caribes que habitavam esta região. Este vulcão adormecido há mais de 1.800 anos, foi o responsável pela formação geológica da ilha, assim como por suas terras férteis. Hoje o vulcão está coberto por uma densa e rica floresta tropical e ainda pode-se observar no alto a sua cratera e imaginar de perto a sua força e potência nos tempos passados. A caminhada leva de duas a três horas, dependendo do preparo físico. Nós alcançamos a cratera do vulcão em pouco menos de uma hora e meia, subimos rápido, o que nos garantiu ainda uma vista da magnífica cratera. No mesmo dia pegamos o ferry-boat para Nevis, ilha irmã de St. Kitts.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Ilha vizinha à St. Kitts, Nevis tem um clima mais tranquilo e interiorano.

Nevis é uma ilha pequena, arredondada e habitada em torno de uma grande montanha do mesmo nome. Monte Nevis foi assim batizado por Colombo que, quando o avistou coberto de nuvens, teve a impressão de ser um monte nevado. O relevo Nevis é pouco mais baixo que o Liamuiga e sua cratera já desabou, portanto não possui aquele formato característico de vulcão. A ilha possui uma fonte de água mineral e também fonte de águas termais. Por este motivo, abrigou o primeiro hotel nas ilhas caribenhas, nos idos de 1700. Era um hotel de águas termais, um dos destinos mais bacanas para os britânicos ricos da época.
Pinneys Beach é a principal praia de Nevis, água transparente e areias escuras, típica das ilhas vulcânicas. Ainda que receba catamarãs lotados de “cruzeiristas” e que tenha um Four Seasons Resort, conseguimos nos afastar uns 50m de tudo e ficamos praticamente sozinhos no meio da praia.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Famosa cena do pouso de grandes aviões na Maho Beach, Sint Maarten.

Voamos de St Kitts para o hub das Lewards Islands, St Maarten. O pouso já é sensacional, pois o Juliana International Airport, fica logo ao lado das famosas Maho e Mullet Beaches. Na Maho Beach o esquema é sentar na praia de areias branquinhas e fofinhas, mar daquele azul inacreditável e ficar curtindo os aviões pousarem. Desde os pequenos da Winair e outros vindos de Anguila, até os jatinhos particulares e super jatos das grandes companhias. A praia fica lotada de curiosos, todos procurando lá longe no céu qual será o próximo avião. É uma emoção diferente realmente, você tem a sensação nítida que eles vão “pousar” em você. Mais 15 minutos caminhando chegamos à Mullet Bay, praia belíssima, mas abarrotada de hotéis e turistas.

A próxima ilha neste “island hopping”, expressão inglesa para “pular de ilha em ilha”, é Saba. Uma montanha imensa de origem vulcânica, Saba é um monte de pedras no meio do mar. Não possui praias, a primeira estrada foi construída na década de 50, até então as pessoas só transitavam por trilhas. Cada passo que você dá na ilha é subindo ou descendo. O que viemos fazer aqui? Saba é um paraíso para mergulhadores e hikers, os que gostam de encarar trilhas íngremes e montanhas. Perfeito! Uma ilha totalmente improvável, Saba possui um relevo nada amigável para qualquer empreitada que você possa imaginar. As casas são construídas em encostas, os aglomerados urbanos estão nos vales e há raras esplanadas entre as montanhas. Parte da água utilizada na ilha vem de uma usina de dessalinização, construída para períodos de emergência, furacões ou seca temporária. A maioria da água utilizada é captada por cisternas, já que Saba possui uma das maiores pluviosidades das ilhas caribenhas (1.000mm). Chegar até esta ilha também não é tarefa fácil, apenas algumas poucas embarcações e o aeroporto construído em 1959 graças à coragem de um piloto que arriscou pousar na curta e emocionante pista de pouso.

Ana Biselli e Rodrigo Junqueira
Vista da vila de Windwardside em Saba, nas Antilhas Holandesas.

Ainda que improvável, Saba foi habitada em diferentes períodos por índios Siboney, Arawak e Caribs e mais tarde por alguns piratas franceses e ingleses. No entanto, a primeira colônia que realmente se estabeleceu na ilha foi de holandeses, na sua maioria pescadores. Como os homens viviam a maior parte do tempo no mar, Saba ficou conhecida como “A ilha das mulheres”. A capital administrativa de Saba, um dos estados das Antilhas Holandesas, é a cidade “The Bottom”, uma referência à sua localização geográfica na base da montanha. Ela fica na área mais plana próxima ao principal (senão único) porto da ilha. A população total de Saba é de 2.200 habitantes, sendo destes 450 estudantes da Faculdade de Medicina localizada na capital. Windwardsite é a maior vila e oferece a maior parte do comércio, tais como supermercado, hotéis, operadoras de mergulho, bares e restaurantes.

Rodrigo Junqueira
Ana e a fotogênica tartaruga mergulham juntas em Saba.

Não foi à toa que reservamos à Saba a nossa temporada de mergulhos no Mar do Caribe. São mais de 30 pontos de mergulho, todos a uma curta distância do porto em The Bottom. O bacana para os mergulhadores é a variedade dos mergulhos ao redor da ilha, recifes, corais, paredões, boulders, pináculos, profundos ou rasos, tudo com temperaturas e transparências caribenhas, o que significa 27 a 29°C e entre 20 e 30m de visibilidade. A diversidade de corais e esponjas é imensa! Vimos diversos turbações lixa, alguns camarões, barracudas, cardumes de tarpões com pouco mais de um metro, e alguns caribbean reef sharks nas águas mais profundas.
À tarde, embrenhamos em uma das 12 trilhas que a ilha oferece. Todas são muito íngremes. Fomos ao Maskehorne Hill, com 547m de altura e uma bela vista da ilha. Ao final aprendemos que Saba de tão improvável, acaba sendo ainda mais exótica e um curioso destino aos que gostam de montanhas e mergulho ou apenas aos que querem ver um Caribe diferente de tudo o que imaginavam.

Próxima Semana
Nossa temporada caribenha está no fim, mas ainda temos territórios holandeses a explorar St. Maarten e St. Eustatius! Famosa por ter sido a primeira representante de uma grande potência estrangeira a reconhecer a Independência Norte-Americana e por seus magníficos mergulhos. Alguns dias depois voltamos ao continente e à nossa querida Fiona que nos espera no Suriname.

Acompanhe a viagem de Ana Biselli e Rodrigo Junqueira semanalmente em nosso blog. Também acesse o site dos aventureiros: www.1000dias.com.

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