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Mil dias pelas Américas: descobrindo as Bahamas
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Fotos: Arquivo pessoal
Ana e Rodrigo prontos para mergulhar no Dean´s Blue Hole, conhecido como o buraco para a prática de apnéia mais profundo do mundo (210 metros).

Por: Ana Biselli e Rodrigo Junqueira

Bahamas é um arquipélago formado por 700 ilhas. New Providence, onde fica a capital Nassau, Grand Bahama, a segunda ilha mais populosa e as outras 698 ilhas conhecidas como Family Islands. Estávamos curiosos para entender por que elas eram chamadas assim e, em Harbour Island, primeira Family Island que visitamos, perguntamos ao John, dono da nossa pousada. John é um americano que vive aqui há 12 anos, portanto conhece bem o país e consegue ter uma visão crítica muito interessante. Ele nos contou que o governo vê Nassau como centro do universo bahamense e as “The Out Islands” como eram chamadas antes, meras coadjuvantes. Há apenas alguns anos alguém finalmente percebeu como soava pejorativo e como os habitantes das outras ilhas se sentiam excluídos. A partir daí passaram a chamá-las de Family Islands, já que nelas vivem as famílias de grande parte dos moradores de Nassau. Hoje 220 mil pessoas vivem em New Providence, 40 mil em Grand Bahamas e 40 mil espalhadas em torno de 30 Family Islands, deixando as outras 668 totalmente desabitadas.


Rogrigo na praia de areias cor-de-rosa em Eleuthera, Bahamas.

Acreditamos que conhecer um país não é passar apenas pela sua capital, por isso nosso roteiro incluiu também Eleuthera e Long Island. Foi difícil escolher entre tantas outras ilhas paradisíacas, mas pesquisamos e fomos atrás de duas ilhas com características distintas e ainda assim com atrações imperdíveis.
Eleuthera é muito conhecida por suas praias de areia cor-de-rosa, a principal delas em uma pequena ilha vizinha, Harbour Island. Vivem aqui em torno de 15 mil pessoas espalhadas em pequenos vilarejos por toda a ilha. Chegamos pelo Aeroporto Internacional de Eleuthera, que recebe mais vôos internacionais que o Afonso Pena, em torno de sete vôos diários diretos de Miami e Fort Lauderdale. Dali, fomos direto para o Tree Points Dock pegar um táxi aquático para Harbour Island, onde ficamos hospedados. A vila é uma delícia, casas com arquitetura colonial inglesa, diversas marinas e alguns hotéis super bacanas na beira da praia. O clima da vila pode ser comparado com o de Búzios (RJ), antes de ser invadida por milhões de turistas e butiques de luxo.
Pink Sand Beach. O nome já diz tudo. A cor da areia é rosa, um rosa bebê bem clarinho. Isso devido às conchas que se esmigalham e viram grãos cor-de-rosa, ajudando a formar esta areia colorida. O mar é azul transparente, deve ter relação com a formação calcária das ilhas. Em toda a praia encontramos uma alga, verdinha e bem fininha. São tantas algas que varrê-las já faz parte da rotina diária dos hotéis na beira da praia. Enquanto andamos observando esta cena, percebo que a praia está repleta de águas-vivas, ou “portugueses”, como são chamadas aqui. Essas águas-vivas, cheias de fios daqueles bem doloridos, são conhecidas no Brasil como caravelas. Portugueses… caravelas…. até que faz algum sentido.
Nossa próxima parada, Long Island. Não existem vôos diretos de Eleuthera para lá, por isso tivemos que passar por Nassau novamente. Long Island é uma ilha relativamente grande, mas sua população de apenas 3 mil pessoas está espalhada por todo o seu território e com dois principais centros: Deadsman Cay e Stella Maris. O primeiro é um lugar de extremos, lá mora a maioria da população local que caça caranguejo à tarde para comer no jantar. Lá também é aonde alguns milionários americanos aposentados escolheram morar em suas grandes mansões, iates e Ilhas particulares. Por este mesmo motivo não é fácil encontrar hotéis ou pousadas em Deadsman Cay e acabamos optando pelo Stella Maris Resort, um dos poucos hotéis na ilha. Ele foi construído por alemães e reúne um hotel, aeroporto, marina, centro de mergulho, academia, piscinas e casas particulares. Embora não faça muito o nosso estilo de hospedagem, é um lugar muito bacana e conhecemos pessoas muito especiais, como o mergulhador Robert, nosso amigo e filósofo e Doug, americano que chegou aqui pilotando seu próprio avião, ótima companhia para os mergulhos e longas conversas.


Ana na praia de Cape Santa Maria, depois de 15 km de bicicleta.

Visitamos de bicicleta a praia de Cape Santa Maria, que fica a 15 km de Stella Maris. A pedalada foi ótima, em uma estrada tranquila, sempre em mão inglesa. Na praia estávamos sozinhos, água azul fosforescente, mesmo sem sol, que lugar paradisíaco! Dali, seguimos de van para o Blue Hole, ansiosos por dois grandes acontecimentos: assistir ao Vertical Blue Suunto Dive-off, um campeonato organizado para desafiar os 16 melhores apneístas do mundo! Nós fizemos o curso de apnéia (mergulho sem o uso de aparelhos de respiração) no Brasil, então estávamos empolgadíssimos para assistir a competição. O segundo evento era o mergulho no Dean´s Blue Hole, que dizem ser o mais profundo do mundo. Chegando lá infelizmente a competição já havia acabado, mas por dois minutos encontramos ninguém menos do que a nossa professora e amiga Carol Schrappe, campeã brasileira e recordista sul-americana que foi representar o Brasil.


Ana e Rodrigo com Carol Sharappe, recordista sul-americana, no Campeonato de Free Dive no Dean´s Blue Hole.

O cenário é algo impressionante. Uma praia protegida pelos corais, de areias branquinhas e água turquesa e ali, há 3 metros de distância, tem um buraco de 210 metros de profundidade! Ninguém sabe explicar exatamente como se formou, mas Dean´s Blue Hole não é o único aqui na região, que possui em torno de 30 como ele. Lembramos das técnicas de respiração que a Carol nos ensinou e praticamos um pouquinho a nossa apnéia. É estranho pensar que com cilindros e toda aquela parafernália nós só vamos poder ir até 30 metros de profundidade, enquanto a Carol hoje já chegou aos 60 metros só no pulmão!
O mergulho no blue hole é diferente dos outros que fizemos até agora. A paisagem tem uma beleza especial. Uma caverna com águas transparentes, boca com diâmetro em torno de 50 metros e que se abre em formato cônico. Quanto mais descemos, mais ela se abre e mais escura fica. Levamos lanternas e percebemos que mesmo descendo a 30 metros, não chegaremos nem perto de imaginar o que é que existe lá no fundo. Ali é fácil perceber como a luz é essencial para a vida. No escuro não encontramos nenhum peixe, só alguns musgos e alguns tipos de esponja. A visão mais bonita é a da abertura do Blue Hole, círculo azul super iluminado que vemos lá de baixo.

Queríamos ficar mais um dia para torcer pela Carol na competição, Doug até nos ofereceu uma carona no seu avião para o Deadsman Cay. Ele faria duas viagens, já que no seu pequeno avião só cabem o piloto e um passageiro, mas infelizmente não conseguimos mudar o nosso vôo para Nassau.
Chegamos à Nassau e já nos sentimos locais. Conhecemos bem os caminhos, o que fazer e aonde ir. Damos um “hello” para a arara no hotel e já saímos para visitar os amigos que fizemos aqui. É um ritual de despedida necessário, hoje nos despedimos das Bahamas sabendo muito mais sobre a sua cultura, as suas ruas e as pessoas que aqui vivem. Um mundo tão novo, tão rico, nessas ilhas tão pequenas. Saímos daqui com aquela sensação de que poderíamos ter ficado muito mais, conhecido muito mais, quem sabe voltamos.


Ana e Rodrigo na Pink Sand Beach.
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