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Everton aquece para jogo contra o Goiás: Atlético cresce no momento mais desgastante do campeonato. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)
Everton aquece para jogo contra o Goiás: Atlético cresce no momento mais desgastante do campeonato. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)| Foto:
Everton aquece para jogo contra o Goiás: Atlético cresce no momento mais desgastante do campeonato. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

Everton aquece para jogo contra o Goiás: Atlético cresce no momento mais desgastante do campeonato. (Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo)

A pré-temporada XXG do Atlético é um dos temas mais comentados do ano no futebol brasileiro. Pelo ineditismo, pelo tamanho, pelos resultados que pode trazer, pela possibilidade de ditar alguma tendência. Uma análise fechada evidentemente só poderá ser feita ao término do ano — vale para a imprensa, para a torcida e para o próprio clube –, mas acabamos de sair de um marco interessante, a maior maratona de jogos do Brasileirão. Foram sete partidas em três semanas. Um teste para o rendimento das equipes e a resistência dos elencos.

 

Antes de prosseguir, é uma boa resumir o que esse blogueiro já escreveu sobre a pré-temporada rubro-negra. Assim quem pegar o bonde andando pode sentar confortavelmente na janelinha: 1) Fazer uma pré-temporada maior que o convencional era uma necessidade no futebol brasileiro; 2) A pré-temporada do Atlético foi longa demais; 3) Disputar alguns jogos do returno e as finais do Estadual anteciparia o ritmo de jogo do elenco principal; 4) Ritmo de jogo que daria ao Atlético condições de pontuar mais no início do Brasileiro; 5) Demitir um técnico que ficou quase um semestre treinando time no primeiro jogo após o recesso da Copa das Confederações foi uma pitada excessivamente brasileira na pré-temporada europeia; traduzindo: demissão no momento errado.

 

Outra conclusão para esse pacote é que o lastro da pré-temporada gigante tem seu peso na arrancada do Atlético pós-Copa das Confederações. Peso tão significativo quanto o dos ajustes táticos feitos por Vagner Mancini. Um processo muito mais na base da orientação do que do trabalho de campo. Afinal, desde que chegou, Mancini não teve uma semana cheia de treinamentos.

 

O Atlético tem feito gols e decidido jogos depois dos 30 minutos do segundo tempo. Foi assim contra Bahia e Goiás, por exemplo. Também é visível que o Atlético mantém um elevado nível físico em um momento usual de queda de rendimento.

 

Visível, mas pouco mensurável. Por isso peguei o recorte da maratona do Brasileirão encerrada no domingo, com sete jogos em três semanas. E levei em consideração os seguintes critérios: número de lesões no período, jogos disputados até agora no ano, projeção de quantas partidas serão disputadas até dezembro, pontuação na maratona e variação na tabela durante a maratona. Dá para estabelecer uma relação interessante especialmente entre desgaste acumulado, contusões em meio a uma série intensa de jogos e desempenho na tabela. Segue o baile…


Lesões

1º Coritiba 11

2º Portuguesa 10

3º Vasco 9

4º Criciúma e Vitória 7

6º Internacional 6

7º Atlético-MG e Fluminense 5

9º Grêmio e São Paulo 4

11º Goiás e Náutico 3

13º Flamengo 2

14º Corinthians, Ponte Preta e Santos 1

17º Atlético, Bahia, Botafogo e Cruzeiro 0

 

Temos um time paranaense em cada extremo da lista. O Atlético está na ponta de baixo. Ao lado de Bahia, Botafogo e Cruzeiro, não sofreu com lesão alguma durante a maratona do Brasileirão. Dá, sim, para colocar na conta da pré-temporada. Com uma menor sobrecarga de jogos, os atletas ficam menos sujeitos a lesões musculares ou mesmo alguma contusão que possa ser causada por esforço contínuo e/ou sobrecarga (ligamentos e tendões, por exemplo). Entra ainda uma dose de sorte. Contusões também são provocadas por pancadas, das quais os atleticanos têm se livrado.

 

No extremo de cima está o Coritiba (11 contusões na maratona). O Coxa disputou mais que o dobro de jogos do Atlético. Dividindo os 20 clubes da Série A em dois grupos, o Coxa está no dos times que mais entraram em campo. Mais jogos é equivalente a maior sobrecarga. Maior sobrecarga leva a um risco maior de lesões. Uma relação direta no caso alviverde e no caso rubro-negro. Mas não em todos.

 

Jogos disputados até hoje (21/8/2013)

1º Corinthians 48

2º São Paulo 47

3º Portuguesa 44

4º Atlético-MG, Criciúma, Fluminense e Grêmio 43

8º Coritiba, Goiás e Santos 42

11º Ponte Preta 41

12º Botafogo e Internacional 40

14º Náutico e Vitória 39

16º Flamengo 37

17º Bahia 36

18º Cruzeiro 35

19º Vasco 33

20º Atlético 20

 

Essa lista ranqueia o número de partidas oficiais disputadas por time em 2013. Amistosos estão fora da conta. A pré-temporada extensa manda o Atlético para o rodapé dessa lista também. Pouco acima (em posições, não necessariamente em número de partidas) estão Bahia e Cruzeiro, outros que fecharam a maratona sem novas entradas no DM. O Botafogo, quarto zerado, jogou 40 partidas. São oito a menos que o Corinthians, ou, um mês inteiro de descanso.

 

O Corinthians é o clube que mais jogou no ano (48 vezes) e teve apenas uma lesão na maratona recente. Ou seja, é possível jogar muito, disputar sete jogos em três semanas e arrebentar apenas um jogador? Sim, é possível… Se você tiver em mãos um elenco numeroso, que lhe permita um bom equilíbrio entre titulares e reservas, algo que Tite fez bem especialmente no primeiro semestre. Logo, o Timão é exceção.

 

“Ei, mas o São Paulo fez 47 jogos e teve quatro contusões. Vai dizer que é exceção também?”, pergunta o leitor mais arisco. A maratona do São Paulo foi irregular. Enquanto a maioria dos times da Série A se quebrava no início de agosto, o Tricolor paulista atravessava o mundo para disputar três amistosos e um torneio oficial água com açúcar (Copa Suruga). Há o desgaste da viagem, mas a exigência de jogo foi inferior.

 

Portuguesa (44 jogos) e Criciúma (43 jogos) tiveram dez e sete lesões, respectivamente. O Vitória também teve sete contusões, mas em “apenas” 39 jogos. Pouco? Aparentemente. A temporada do Vitória é uma das mais estranhas do futebol brasileiro. Começou com oito jogos em menos de um mês (Copa do Nordeste). Depois teve um mês de descanso. Então 15 jogos nos dois meses que antecederam o Brasileirão (Baiano + Copa do Brasil). Parada da Copa das Confederações. Retomada do Brasileirão. Uma montanha russa difícil de se administrar.

 

Totalmente fora da curva é o Vasco. Poucos jogos (33) e muitas lesões (9). Se os universitários (ou graduados) quiserem explicar, metam ficha.

 

Número máximo de jogos até o fim do ano

1º Corinthians e São Paulo 79

3º Atlético-MG e Portuguesa 77

5º Criciúma 76

6º Coritiba, Ponte Preta e Santos 75

9º Fluminense e Grêmio 74

11º Goiás e Náutico 73

13º Internacional e Vitória 72

15º Botafogo 71

16º Bahia 69

17º Flamengo 68

18º Cruzeiro 66

19º Vasco 64

20º Atlético 51

 

É o pior cenário possível para cada clube. Não tem muita mudança do ranking de jogos já disputados. Indica apenas que o Atlético, indo até a final da Copa do Brasil, terá uma temporada padrão alemão, equivalente a Bayern de Munique e Borussia Dortmund (finalistas da Liga dos Campeões e da Copa da Alemanha em 2012/13). No outro extremo, Corinthians e São Paulo com uma temporada similar à de um clube inglês que decida uma Copa nacional, fique no meio do caminho em outra e chegue até as quartas de final de um torneio europeu.

 

Pontos na maratona

1º Atlético 17

2º Corinthians 15

3º Botafogo, Cruzeiro e Grêmio 13

6º Bahia e Flamengo 10

8º Fluminense, Goiás e Vasco 9

11º Coritiba, Ponte Preta e Vitória 8

14º Internacional 7

15º Atlético-MG e Portuguesa 6

17º Criciúma, Náutico e Santos 4

20º São Paulo 3

 

Com poucos jogos na bagagem e o departamento médico zerado, a classificação acima parece um passo natural. Sem perder jogador por longos períodos e com uma boa condição física, o Atlético foi quem mais pontuou nas sete últimas rodadas do Brasileirão. Corinthians, Botafogo e Cruzeiro estão entre os que mais pontuaram e os que menos tiveram jogadores entregues ao DM.

 

Coritiba, Portuguesa, Vasco, Vitória e Criciúma, os campeões de contusões, fizeram menos da metade dos pontos que disputaram nestes sete jogos. Santos, São Paulo e Náutico também pontuaram pouco, mas não fizeram a maratona inteira. E o Timbu, convenhamos, é o pior time do campeonato, não há controle de lesões ou número reduzido de jogos que mude essa realidade substancialmente.

 

Os intrusos na parte mais baixa desse recorte de classificação são Internacional e Atlético-MG. O Colorado, porém, teve um jogo antecipado (venceu) e outro adiado. De qualquer maneira, com duas rodadas de descanso e o elenco que tem, deveria ter se saído melhor. E o Galo ainda está em processo de aterrissagem pós-Libertadores — inclusive lidando com contusões.

 

Variação na tabela

1º Atlético +13

2º Corinthians +8

3º Grêmio +4

4º Bahia e Flamengo +3

6º Cruzeiro, Fluminense, Ponte Preta e Portuguesa +1

10º Botafogo (líder) e Náutico (lanterna) 0

12º Goiás e Vasco -1

14º Vitória -2

15º São Paulo -3

16º Coritiba e Internacional -4

18º Atlético-MG -5

19º Criciúma -6

20º Santos -9

 

Muito mais uma curiosidade. O Atlético do DM zerado, do histórico mais magro de jogos no ano e da maior pontuação na maratona foi, também, o time que mais ganhou posições nas sete últimas rodadas do Brasileiro. Um salto de 13 pontos, da zona de rebaixamento para a porta do G4. O Corinthians ganhou oito, da porta da ZR para dentro do G4. O Santos, que jogou partida a menos, teve a maior queda, foi da primeira para a segunda página da classificação.

 

É preciso levar em consideração que a posição anterior dos clubes limita o quanto cada um pode subir ou cair. Basta ver os dois times sem oscilação, Botafogo e Náutico. Os cariocas eram e continuam sendo o líder. Os pernambucanos eram e continuam sendo o lanterna.

 

*****

 

Uma representação visual que talvez mais atrapalhe do que ajude: os cinco dados cruzados no mesmo gráfico. Segue pela curiosidade.

Grafico

 

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Diante desse levantamento, é provável que quem aguentou chegar até aqui esteja se dividindo basicamente em dois grandes grupos. O primeiro, de quem acha que isso não significa nada. O segundo, de quem considera já ter visto o suficiente para cravar que a pré-temporada estendida do Atlético foi um sucesso absoluto. Qualquer uma das duas conclusões me parece precipitada.

 

Como escrevi lá no início, somente ao fim da temporada será possível fechar essa avaliação. Por ora, há indicativos bem fortes de benefícios e esse recorte da maratona colabora para essa leitura.

 

Particularmente, sigo considerando que os quatro meses de treinamento e amistosos foram além da conta e explico o motivo. É impossível, na preparação física, dar ritmo de competição a um time que… não compete. Sim, é óbvio. Mas é necessário dizer que por melhor que sejam Moraci Sant’Anna, sua equipe e a estrutura do CT do Caju, o processo de preparação exige partidas valendo três pontos para ser acelerado.

 

Mas há algo que a preparação física consegue fazer, que é ampliar (dentro de um limite) o ápice físico de um elenco, o período em que o grupo terá seu rendimento máximo (professores e estudantes de Educação Física, manifestem-se). Parece irreversível que o Atlético demorará mais que os adversários para cair. A questão é: não poderia ter subido mais cedo? Poderia (Poderia?). Mais exatamente, nas rodadas iniciais do Brasileiro. Ali, o Atlético deixou pelo caminho pontos preciosos em jogos que, claramente, foram cometidos erros de quem ainda estava fora de sintonia.

 

Somente no fim do campeonato será possível cravar se esses pontos fizeram falta e dar a dimensão exata do alcance da pré-temporada. Até o momento, o saldo é inegavelmente positivo.

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P.S.: O Brasileirão ainda terá mais dois períodos de sete rodadas em três semanas. O próximo, entre 31 de agosto e 22 de setembro. Depois, entre 29 de setembro e 20 de outubro. Serão mais dois períodos para medir na prática o peso da longa pré-temporada rubro-negra.

Entre 31 de agosto e 21 de setembro, o Brasileirão mergulha em mais um período de sete jogos em três semanas.

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