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Foto; Lola Bou/AFP
Foto; Lola Bou/AFP| Foto:

O movimento pela independência da Catalunha tem ganhado força nos últimos anos, tendo sua máxima expressão no referendo realizado no último dia 1.º de outubro. A região se caracteriza com uma nacionalidade, com idioma próprio, características culturais regionais e um modelo de governo autônomo já reconhecido pela Espanha. Mas os catalães querem mais.

O movimento para que a Catalunha se torne um país independente ganha força em meio à decadência política da monarquia espanhola, que está no centro da crítica da sociedade aos problemas vividos na última década.

Uma das contradições da Espanha é a convivência do sistema democrático com o poder monárquico. Os reinos, que aqui no continente americano fazem parte do passado, ainda são uma moda vintage em alguns países europeus, como o Reino Unido, a Holanda e, no caso, a Espanha. Mas os tempos modernos, ou pós-modernos, estão cobrando a fatura desse resquício do passado.

Afinal, na atualidade, os valores dominantes tornam ainda mais “fora do lugar” a noção de um poder derivado do sangue ou de uma suposta vontade divina. O poder é determinado pelo “aqui e agora”. Pelo trabalho e pela vontade da maioria. Toda imposição ou poder individual mal explicado vira alvo de questionamento. Quando o país vive uma crise material que afeta a vida e o emprego de grandes contingentes populacionais, como a Espanha, esse questionamento vem com toda a força. Qual seria a diferença entre o rei da Espanha e um ditador? Questionam-se os múltiplos mandatos de presidentes, mas o que falar de uma família real que se perpetua há séculos no poder de um território?

Em 2011, um forte movimento questionou o poder político na Espanha. Os chamados Protestos de 2011, ou Movimento M-15, ocorridos a partir de 15 de maio de 2011, tinham, entre as palavras de ordem, a chamada “democracia real já”, que sutilmente questiona a “realeza”, que não tem nada de democrática. Já se via nessa plataforma a noção de radicalização da democracia, que necessariamente enfrenta a monarquia e reivindica o estabelecimento de uma república. Some-se a essa instabilidade o fato de que a Espanha não possui uma unidade nacional, já que diversas nacionalidades existem no território espanhol, com destaque para o País Basco, a Galícia e a Catalunha, que reivindicam sua autonomia. O recente movimento catalão soma o nacionalismo local com a pauta republicana. Não mais dever obediência a um rei.

Por tudo isso, é ainda mais vergonhosa a repressão policial do governo espanhol. A manifestação pacífica por meio de um plebiscito e a pauta separatista ofendem não a lei, como quis ressaltar o subalterno primeiro-ministro Rajoy, mas a coroa, que não merece nenhuma espécie de devoção no mundo atual. Abaixo a toda espécie de poder autoritário.

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