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Abi pagou contas de secretário. Mas, afinal, como eles se conheceram?
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Desde que Luiz Abi foi preso pela primeira vez, o governo do estado tem feito questão absoluta de dissociar a imagem de Beto Richa de seu primo. O grau de parentesco, aliás, foi a primeira vítima da investigação do Gaeco. Os seis graus de separação que agora existem entre Abi e Richa não eram conhecidos antes de ele ser pego lidando com licitações de oficinas para o governo.

Desde lá, delatores dizem ao Gaeco que Abi mandava na Receita. O governo diz que nem cargo ele tinha, o que aliás é verdade. Surgiram todas as histórias de proximidade entre Abi e Richa, mas o governador disse que as relações eram “meramente sociais“. A principal ligação documental entre as partes, até aqui, era uma doação de campanha da Aumpar para a campanha de Richa, feita dentro das regras formais do jogo.

Não mais.

Desde esta segunda-feira, com a revelação do repórter Euclides Lucas Garcia, sabe-se que Abi pagou pela permanência de Mauro Ricardo Costa, secretário da Fazenda de Richa, em Curitiba. A reportagem tem direito a nota fiscal e tudo. Mauro Ricardo nega qualquer irregularidade e conta que reembolsou o valor. O problema, no entanto, é outro.

Como Mauro Ricardo conhecia Abi? Ou melhor: por que o conhecia? Antes de assumir o cargo, o novo secretário da Fazenda sequer morava no Paraná. Passou os últimos anos entre São Paulo (governo Serra) e Bahia (prefeitura de ACM Neto). Se conheceu Abi, foi nos preparativos para entrar no governo Richa.

Até a virada do ano, quando teve cinco diárias pagas por Abi, Mauro Ricardo passou uma única noite na cidade. Suponhamos que tenha conhecido Abi pela proximidade com Richa. Onde teria sido? Se não ficava à noite na cidade, não foi em eventos sociais noturnos. Provavelmente não foi em jantares de terceiros, por exemplo.

As vindas a Curitiba, pelo que diz o secretário, eram a negócios. Para combinar como assumiria o cargo e as condições. Imagina-se que foi nestas vindas que Mauro Ricardo tomou pé da situação caótica das finanças de Richa e bolou o plano de ajuste fiscal. Trabalho, portanto.

Se conheceu Abi em situação de trabalho, isso implicaria dizer que Abi participou de reuniões de governo com o novo secretário? E se conheceu fora de situação de trabalho, foi por intermédio de quem?

E note-se que não é um “conhecimento” superficial. Mesmo que Mauro Ricardo jamais tenha pedido a Abi que pagasse suas contas, diz ter conversado para que o ex-primo fizesse sua reserva no Bourbon. Não se pede a isso a alguém que se encontrou por dez minutos no cafezinho. A não ser que seja uma relação de trabalho.

Nada a se concluir até aqui. Exceto pelo fato de que a ligação entre Abi e o governo (senão entre Abi e Richa) fica cada vez mais evidente.

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