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“Bela, recatada e do lar”: 10 motivos para a reportagem incomodar feministas (e não só elas)
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Uma reportagem da Veja sobre Marcela Temer causou furor nas redes sociais: “Bela, recatada e do lar” é uma tentativa frustrada de perfil. Além de levar milhares de mulheres a fazer fotos com a hashtag imitando o título da matéria, causou uma discussão sobre a visão da mulher no país. Por que a reportagem incomodou. Veja 10 motivos abaixo.

1- O teste mais fácil para saber se algo é machista é inverter a situação. Imagine uma presidente da República de 75 anos que fosse casada com um homem 43 anos mais jovem. Isso causaria mais desconforto do que a história de “Mar” e “Mi”.

2- Caso essa situação hipotética existisse, quais as chances de uma revista fazer uma reportagem sobre o primeiro-marido com o título “Belo, recatado e do lar”? Quais as chances de ele ser visto como um gigolô caso fosse “do lar”?

3- Quais as chances, nessa situação, de a presidente ser chamada de “uma mulher de sorte”, e de não sofrer sequer um bullyingzinho pelo seu romance com alguém quatro décadas mais jovem.

4- A reportagem é publicada no exato momento em que a primeira presidente da história do país, depois de 127 anos de República, está sendo achincalhada por boa parte da população – o que faz passar a impressão que a mensagem é de que, com Marcela Temer, a mulher está finalmente “voltando ao seu lugar”, que é cuidar da casa esperando o marido.

5- Julgar uma mulher por sua beleza é uma tolice (os muito fãs de Vinicius que me perdoem). Futilidades desse tipo numa hora dessa são uma tolice ainda pior.

6- O feminismo, como ideia de que as mulheres devem ter os mesmos direitos e o mesmo tratamento que os homens, ganha cada vez mais espaço, principalmente na classe média e nos meios universitários.

7- A ideia de ressaltar o fator “do lar” e o “bela” parece transformar Marcela naquilo que Temer reclamou que o transformaram, mas de maneira muito mais grave: em algo decorativo. Mas aqui não se trata de um decorativo “político”. E sim de uma pessoa que vira item decorativo. Suas mechas, seus vestidos, sua elegância. É o que importa nela. E não suas convicções, ideias, sua vida.

8- Já o “recatada” incomoda principalmente às mulheres porque dá a impressão de que o corpo delas continua sendo vigiado por padrões morais. Que elas devem se moldar a um padrão ao invés de decidirem o que fazer com sua aparência, com sua sexualidade. Não que o recato não possa ser visto como uma virtude: o problema é a virtude como imposição.

9- Marcela Temer não é apenas Marcela. É Temer. É a beneficiária de um projeto político altamente questionável. Os luxos a que ela se dá (frequentando o cabeleireiro de Athina Onassis, jantando em restaurantes fechados para seu amor com o vice-presidente) são pagos com dinheiro… de onde mesmo?

10- A reportagem é simplesmente mal apurada e mal escrita.

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