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Bosque Gomm. Foto de Antônio More/Gazeta do Povo.

Bosque Gomm. Foto de Antônio More/Gazeta do Povo.

O Bosque Gomm será preservado. Maravilha: a boa notícia é que haverá uma (pequena) área verde numa área que vem sendo cada vez mais ocupada pelo concreto e por interesses comerciais. Em pouco mais de uma década, a região do Batel foi invadida por vários shoppings e outras edificações de grande porte, que significam também grande fluxo de carros. Que as arvorezinhas da região, ainda que poucas, sejam um sinal de que pararemos de querer construir um espigão em cada metro quadrado disponível.

A preservação do bosque também é um bom sinal em outro sentido, político: a prefeitura está demonstrando que quer ouvir a população. Já ocorreu no caso da Praça do Japão (que não foi cortada), na facilitação do cartão-transporte (para que os usuários diminuam seu périplo para poder usar os micro-ônibus), e agora no bosque. Mas em todos esses casos, a conversa ocorreu por pressão da sociedade. E principalmente em áreas de classe média da cidade.

Repita-se: trata-se de avanço. Mas é preciso que esse avanço se reproduza em outras áreas. Mesmo no caso do transporte e da mobilidade, a prefeitura nem sempre tem ouvido a população. Foi avisada por várias fontes que reduzir o EstaR às lotéricas era uma má ideia. Teimosamente, insiste no erro, em a tal “conversa com a população”. Mas isso é uma questão pontual.

O que será preciso, caso a prefeitura queira de fato mudar o modo como a gestão da cidade vinha sendo feita, não é fazer melhorias apenas no Centro, nem apenas em bairros de classe média e alta. É preciso ter esse tipo de interesse, esse tipo de cuidado, principalmente nas áreas mais degradadas, na periferia. E eis um problema: lá, o pessoal tem menos canais para fazer pressão e menos voz para a tal “conversa”. A prefeitura, aqui, teria de ser menos passiva, esperando as reclamações, e procurar ativamente saber quais são os incômodos dos habitantes.

O equivalente a preservar o Bosque Gomm, na periferia, seria impedir que as construções de todo tipo (inclusive as ilegais, as ocupações) continuem sendo um problema ambiental e um mecanismo de destruição de áreas verdes. Não é só no Batel que é preciso ter árvores,nem só no Bigorrilho, onde fica o bosque da Copel. É preciso ter áreas do mesmo gênero em toda parte.

É claro que não se está acusando a gestão atual de se esconder desses problemas nem de fazer nada para retirar as pessoas de áreas de invasão. Sabe-se que, aos poucos, isso vem ocorrendo. O que resta saber é se a gestão terá condições de, ao fim do mandato, poder dizer que, pela primeira vez em décadas, dizer que a principal atuação não ficou restrita ao Centro estendido e aos bairros de classe média.

O Osternack, o Bairro Novo, a Terra Santa, o Pantanal, a Vila Lorena, o Sabará, a Vila Sandra, o Caiuá: todos eles merecem o seu Bosque Gomm e a sua Praça do Japão.

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