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Calçadas de granito no Batel. No resto da cidade, buracos
| Foto:
Rogerio Waldrigues Galindo

A prefeitura de Curitiba vive o seu momento de Maria Antonieta. Segundo a lenda, a rainha francesa, que acabou decapitada na Revolução, teria dito ao povo, que reclama da falta de pães, que a solução era simples: que comessem brioches. É evidente que a ideia de quem inventou a história era mostrar o quanto a corte era desconectada da realidade do francês comum de seu tempo. Havia duas Franças: a de Versalhes, onde tudo era fartura, e a das ruas. E as duas mal se conheciam.

Agora, descobre-se que em Curitiba a prefeitura por que a administração decidiu investir R$ 3,5 milhões nas calçadas da Avenida Bispo Dom José, no Batel, o bairro mais chique da cidade. É que, segundo relatou a reportagem da rádio BandNewsFM, as calçadas de concreto têm acabamento de granito. O que causou revolta até mesmo em comerciantes e moradores da região, que reclamam do excesso de ostentação.

Os bairros mais afastados do Centro não têm calçada em Curitiba. Quem mora no Boqueirão, no Pinheirinho, no Capão Raso, no Cajuru ou mais longe sabe muito bem disso. O sujeito tem de andar é pelo meio da rua ou desviando de detritos. Em boa parte da cidade, onde há calçadas, elas são tão ruins que o sujeito vira o pé a cada 50 metros. Fora os buracos, onde o pessoal cai.

Mas por que esses bairros não têm calçada? Porque a prefeitura segue, na maior parte dos casos, a lei: a calçada é obrigação do proprietário do terreno. O Batel é a exceção. Lá, a lei não foi seguida. A prefeitura não só decidiu que deveria fazer isso pelos moradores e comerciantes (que, obviamente, teriam como pagar, mais do que os moradores do Capão Raso) como decidiu fazer com um material bem mais caro do que o comum.

Criam-se assim (ou mantêm-se) duas Curitiba. Uma que mal tem pães. Outra que come brioches. Com os R$ 3,5 milhões da Bispo Dom José seria possível fazer calçadas mais simples em várias partes da cidade. Mas, logicamente, como sempre lembra Elio Gaspari, há os Cavalcantis e os Cavalgados.

Antes do início da campanha eleitoral do ano passado, havia escrito já aqui sobre a obra do Batel, que acabou sendo tema discutido durante a disputa pela prefeitura. Lógico que a discussão ficou restrita aos partidos “nanicos”. Os candidatos com maior chance de vitória não tocaram no assunto. Nem Gustavo Fruet.
Aliás, essa é uma boa pergunta: o que Gustavo Fruet acha das calçadas públicas de granito do Batel?

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