Enquanto em Brasília os Poderes andam se estranhando, no Paraná a harmonia vai às mil maravilhas. O governador Beto Richa e o Judiciário se entendem perfeitamente e contribuem, juntos, para que o caso de um crime com réu confesso chegue ao décimo ano sem ser julgado.
Ezequias Moreira Rodrigues foi pego em ato ilícito em 2007, quando repórter José Marcos Lopes extraiu de Veronica Durau, sua sogra, a confissão de que ela nunca trabalhou na Assembleia. Salário, porém, havia. E quem recebia era Ezequias, o genro.
O caso foi relatado em agosto de 2007, quando Obama era senador, Eike Batista era bilionário e Sandy era dupla de Júnior. De lá para cá, Ezequias devolveu meio milhão de reais recebidos ilegalmente, o que encerrou o caso no processo cível. Mas e o criminal?
O Judiciário alongou o processo até que Richa, à beira do julgamento, chamou Ezequias para ser secretário especial. Especialíssimo aliás: virou titular de uma secretaria praticamente inexistente, feita para cuidar do cerimonial, que antes funcionava muito bem sem precisar de um cargo de primeiro escalão.
O TJ fez sua parte em alongar ainda mais o processo: demorou uym ano só para decidir se isso mudava ou não o foro do réu. Mudou. Agora, finalmente, pedem-se seis anos (em semiaberto!) para o réu. Mas um desembargador achou que não conhecia o caso direito e pediu vistas.
Fica tudo para 2017. Enquanto isso, Richa segue fingindo que não sabe o que se passou, e jura que não deu o cargo para o amigo só para protegê-lo. Quem quiser, que acredite.
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