Um dos últimos atos de Gustavo Fruet na prefeitura de Curitiba foi revogar um edital de lei de incentivo à cultura. O primeiro ato de Greca, mesmo antes de entrar n o posto, foi pedir que se cancele a Oficina de Música da cidade.
Os dois casos são simbólicos. O edital revogado por Fruet foi o único lançado pelo fundo municipal de Curitiba em 2016. Os artistas já haviam sido selecionados, convocados e reclamam que já tinham até feito os procedimentos para receber o dinheiro, como abrir contas bancárias. Falam em calote.
Em nota, na semana passada, a Fundação Cultural tentou se explicar. Diz basicamente que faltou dinheiro. E sabe-se que, faltando dinheiro, é da cultura que se tira em primeiro lugar.
“A Fundação Cultural de Curitiba informa que o Edital ‘Categoria Livre’ do Fundo Municipal de Cultura 2016 foi revogado em razão de restrições financeiras e da necessidade de redução de custos no âmbito da administração municipal. Com isso, todos os atos já realizados relativos ao edital são considerados nulos”, diz o texto.
No caso da Oficina de Música, o maior, mais tradicional e mais relevante evento artístico da cidade, Greca diz que a prioridade é a saúde e que Fruet não deixou dinheiro previsto. Não é a primeira vez que a oficina se vê ameaçada por picuinhas políticas e falta de dinheiro. Em 2013, ao assumir, Fruet falava basicamente o mesmo de Ducci e ameaçou suspender o evento.
Os dois prefeitos se alinham assim à política de desprezo ao financiamento e ao fomento da cultura. Não é novidade no Brasil. O Minc, depois de quase extinto, só serviu na atual gestão para uma chantagem que envolvia a liberação de um prédio irregular ligado a Geddel Vieira Lima.
Um ministro nazista, numa frase célebre, disse que quando lhe falavam em cultura, sacava logo a arma. No Brasil, não se saca a arma. Só se deixa de sacar o talão de cheques. E isso basta.
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