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Governo e oposição batem cabeça e fim da greve fica mais longe
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traiano101209Que o governo do estado não sabe mais como conduzir as negociações para um possível entendimento com os grevistas não é novidade. Desde que admitiu, em público e oficialmente, que as negociações estavam encerradas, há duas semanas, não se sabe nem mesmo quem negocia pelo governo.

Quem fez o papel de negociador, informalmente, foi o líder do governo na Assembleia, Luiz Claudio Romanelli (PMDB), quase que à revelia da Casa Civil, do Planejamento e da Fazenda. Mas deputados não podem decidir nada, e a conversa só fluiu porque Romanelli teve mais jeito e se esforçou mais do que os secretários de Beto Richa (PSB) para estabelecer diálogo.

Mesmo assim, a demora para tentar qualquer coisa foi impressionante: uma nova proposta só veio nesta semana, um mês depois da retomada da greve, e mesmo assim em condições estranhas: mais uma vez o governo se atropelou e enviou o projeto para a Assembleia sem saber qual seria o resultado.

A chance de dar errado existia. Ainda mais quando se descobre, como está ficando claro agora, que a oposição está tão perdida nas negociações quanto o próprio governo. Quem revelou isso, na sessão desta quarta-feira, de propósito, foi o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB).

A discussão entre Traiano e os oposicionistas veio depois de vários petistas e peemedebistas, entre outros, terem detonado a nova proposta do governo (3,45% parcelados em 2015 e zeramento da inflação em 2016). A ideia foi cahamada de “indecorosa”, disseram que era uma “armadilha” etc.

Já na primeira fala da oposição, Traiano ficou incomodado. Falou com Romanelli e disse que estava se sentindo traído. No segundo comentário, disse ao líder do governo que iria contar a história da negociação. “Conta”, disse Romanelli.

No microfone da presidência, Traiano disse que teria atendido nos últimos dias a um pedido dos oposicionistas para ir ao governo e tentar adiantar as negociações. Conseguiu emplacar a velha ideia, que já estava sendo aventada havia algum tempo, de mudar a database e zerar a inflação em 2016. Professor Lemos (PT) teria pedido um índice maior em 2015. Traiano conseguiu os 3,45% (antes eram 2,5%, aparentemente).

O ponto é que os oposicionistas não só teriam dito que a coisa estava no caminho certo como teriam dado a entender que defenderiam a ideia. Mas quando chegou a proposta no plenário, a coisa desandou. Ao que tudo indica, os deputados (além de terem exacerbado a parte ruim da proposta, como faz parte do jogo de oposição versus situação) tinham no meio tempo ouvido os sindicalistas e descoberto que não tinham base para apoiar uma tentativa de acordo.

O resumo é que o governo não sabe mais o que fazer, a oposição não sabe se consegue negociar sem ter o aval dos sindicatos, e os dois lados parecem perdidos frente aos grevistas, que não parecem dispostos a ceder – ao contrário do que imaginava o governo, que pensava conseguir um acordo assim que propusesse algo que zerasse a inflação.

Nesse cenário, a oposição se reúne nesta sexta com os sindicalistas. Mas o que resultará disso? Ninguém sabe. E se eles disserem que não aceitam em definitivo a nova ideia, o que o governo fará. Ninguém sabe, muito menos o governo.

Se você cansou da greve, pode se preparar. É provável que, enquanto tivermos esses atores no comando, a coisa vá longe.

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