Do ponto de vista do prefeito Rafael Greca, só há vantagens no projeto que permite a terceirização de serviços de saúde e educação. A proposta, que está em regime de urgência na Câmara, vai trazer economia e aumentar o poder de negociação com o funcionalismo.
Não é segredo para ninguém que parte do motivo do prefeito em apresentar a proposta está na greve dos médicos das UPAs. Greca está furioso (e não esconde) com os servidores da Feaes, que dizem só voltar com 4,5% de reposição.
A saúde é a principal promessa de Greca e a principal reclamação do curitibano. Com a manobra das Organizações Sociais, o prefeito poderá abrir unidades de saúde sem ultrapassar o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. E garantir o cumprimento de pelo menos parte do que prometeu.
A população urra de dor e de raiva com a prefeitura a cada vez que demora para ser atendida. Greca não quer enfrentar isso. Prefere enfrentar os vereadores da oposição (que são poucos) e os sindicatos de servidores (que já o odeiam de qualquer modo).
No caso das creches, Greca vai poder dizer que desatou um nó antigo, e é verdade. E, além de tudo, ganha margem para pressionar os professores. Nas OSs, não há a mesma estabilidade do funcionalismo. Demite-se e contrata-se como quem pede mais um chope na Boca Maldita.
Por um lado, as OSs são e sempre foram uma gambiarra. Um jeito de driblar a lei de responsabilidade. Se a lei manda não gastar mais com funcionários, você repassa o que está acima do limite para uma entidade – e ela gasta com funcionários. Tudo muda para tudo ficar igual.
Para a população, há a vantagem imediata do atendimento. No longo prazo, o ganho é duvidoso. Os salários podem ser mais baixos e os profissionais menos qualificados. Pode haver perseguição política. E, além de tudo, não há transparência.
Mas o pior de tudo é fazer uma mudança desse tipo, nos dois eixos mais sensíveis da cidade, em regime de urgência. Sem discussão, empurrando goela abaixo de todo mundo. Numa real democracia, não é assim que funciona.
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