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Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo.
Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo.| Foto:
Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo.

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A intelectualidade de esquerda brasileira tem se incendiado contra os protestos dos manifestantes que foram às ruas contra o governo de Dilma Rousseff. Nos últimos dias, em jornais e na internet, têm pululado comentários de todos os gêneros que tentam dizer, de um jeito ou de outro, que as manifestações são inválidas, vazias e perigosas.

Os argumentos variam. Para uns, trata-se de um movimento pequeno (de quase um milhão de pessoas!) meramente midiático, que é inflacionado pela “excessiva” cobertura da mídia tradicional.

Para outros, trata-se de alienados de classe média e classe media alta que, num movimento de reação, combatem um governo popular e progressista.

Há ainda os da teoria da conspiração, que em tudo veem uma tentativa de acabar com a democracia no Brasil, bancada pelas elites e movida por uma “espúria” operação da Polícia Federal em nome dos interesses de petrolíferas internacionais etc.

Os comentários sobre infelizes cartazes pedindo intervenção militar ou perguntando por que não mataram Dilma na cadeia, durante a ditadura, tendem a generalizar essas coisas pontuais como se fossem o cerne da manifestação, ou como se fossem representativas de todo mundo que foi às ruas.

É claro que não são. Muita gente está ali simplesmente porque não concorda com o rumo do atual governo. Não quer ditadura, não quer o fim da democracia, não está querendo assassinar ninguém da esquerda. Quer reclamar da corrupção que houve e que foi descoberta em uma competente união de esforços da Polícia Federal e do Ministério Público.

É irritante ver que essa mesma esquerda que em certo momento lutou pela democracia e que sempre reclamou das falhas do sistema de combate ao crime de colarinho branco agora questione manifestações democráticas contra um governo e um partido que, sim, se mostraram corruptos.

É lícito dizer que não é o caso de impeachment, já que não há nenhuma prova contra a presidente. É lícito combater com ideias os argumentos (muitas vezes pífios) dos manifestantes – com gente, dizendo, por exemplo, que Lula e o Foro de São Paulo querem implantar o comunismo no Brasil.

O que não é justo nem certo é querer criminalizar manifestantes, sejam ricos ou não, por estarem contestando os rumos de um governo. O que não se pode aceitar é que se decida que só são democráticos os protestos contra os governos dos outros partidos, ou os protestos de quem concorda com a sua ideologia.

Os petistas, a intelectualidade de esquerda, os progressistas defenderam o impeachment de Collor; gritaram “Fora FHC”; foram às ruas por vários motivos. E agora chegam à conclusão de que manifestações idênticas, mas em sentido contrário, são reprováveis.

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