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Passagem só baixa com subsídio. Ou com auditoria
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Marcelo Andrade / Gazeta do Povo
Gustavo Fruet, prefeito de Curitiba

Os descontos de impostos e as isenções feitos até agora no sistema de ônibus de Curitiba não são suficientes para abaixar a tarifa. O que ocorreu até o momento foi apenas o seguinte: a Urbs estava com água até a altura do nariz, agora a água está na altura do pescoço.

Uma gestão irresponsável do sistema deixou que a tarifa técnica ficasse muito acima do preço cobrado do usuário sem que se fizesse nada para diminuir o problema. Tudo em nome de uma tarifa (falsamente) baixa para ganhar eleições. Seguiu-se o caos financeiro.

A tarifa técnica, mesmo com os novos cálculos, está acima da passagem. Baixar a tarifa seria uma nova irresponsabilidade, pelo menos nos termos atuais. Para fazer isso, seria necessário diminuir mais custos. Existem algumas poucas possibilidades para isso. Ou, então, enfiar subsídio polpudo no sistema. Mas a prefeitura estaria disposta a isso? E os 30% da educação?

Onde seria possível cortar custos? Uma das possibilidades é a Urbs reduzir o quanto ela própria fatura com o sistema: existe uma taxa de administração significativa para o peso da passagem. Muito mais importante, por exemplo, do que o dinheiro que será gasto para colocar cobradores nos micro-ônibus.

Outra possibilidade seria reduzir os custos com insumos. Há muita gente que diz que os custos com pneus, combustível e outros materiais de consumo estão inflados, e que na verdade o lucro das empresas, no fim das contas, é maior do que aparece na contabilidade.

A auditoria que a atual gestão começou, se for feita seriamente, poderá apontar índices de pagamento que a prefeitura pode reduzir. Isso sim talvez fosse suficiente para diminuir o peso no bolso do contribuinte.

Mas o caminho mais provável ainda parece ser o do subsídio. O governo estadual, passada a gestão de Luciano Ducci, freou seu altruísmo em relação à capital. Se viesse dinheiro, teria de ser da própria prefeitura.

Não seria uma má ideia. O transporte público é fundamental para uma boa vida em uma boa cidade. E muita gente está infeliz com a tarifa.

Mas… O cobertor é sempre curto. E as pesquisas de opinião dizem que os cidadãos estão muito mais preocupados com outras áreas, principalmente saúde.

Quando se fazem pesquisas, a saúde em Curitiba é preocupação fundamental para mais de 30% das pessoas. O transporte e o trânsito afligem, como preocupação principal, apenas 3% ou 4%.

O que a prefeitura escolherá? Seria suicídio político colocar dinheiro no ônibus e tirar dos postos de saúde?

Talvez não. Gustavo Fruet é o típico prefeito da classe média. E a classe média pouco usa postos de saúde. O ônibus é um raro serviço público que atinge essa camada. E é a esses eleitores que o atual prefeito pode dever a sua possível reeleição.

Além disso, a classe média faz mais barulho, inclusive na mídia. E Fruet parece ser especialmente sensível a gritas populares. Reclamou, ele faz.

Difícil saber o que virá. Uma coisa é certa, porém: se para fechar a conta com o sistema atual já é difícil, imagine para quando o cidadão curitibano poderá esperar um serviço melhor?

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