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Por que não se fala em punir PMs violentos?
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Bernardo Pilotto tratou de um tema importante na sabatina da ÓTV exibida nesta segunda-feira. A violência das polícias no país. O candidato a governador pelo PSol falou que pretende adotar ações “desmilitarizantes” na polícia e criar um sistema de controle externo da PM.

São questões que vêm sendo cuidadosamente evitadas pelos candidatos dos maiores partidos nessas eleições. Beto Richa, atual governador, tem alguns itens de que se orgulhar na segurança, principalmente a redução de homicídios na capital. Roberto Requião festeja seu projeto de policiamento comunitário. Mas nenhum dos dois menciona como pretende resolver o problema da truculência da PM, que continuou durante seus governos. Gleisi Hoffmann segue na mesma balada.

Os três tratam do tema de segurança como algo que depende principalmente da contratação de policiais e do tipo de policiamento que se adotará: se haverá módulos, UPSs, se o policiamento será comunitário ou o que. São todas questões importantes. Mas nenhuma delas resolve um dos principais problemas do momento: a população não confia na polícia. Pelo contrário, tem medo dela.

Evidente que os candidatos que têm maiores chances de vitória não querem confusão com o funcionalismo, muito menos com uma das maiores categorias do estado (junto com professores e profissionais de saúde). Mas não é justo deixar que um tema desse naipe passe batido na eleição. Na periferia, os confrontos entre PM e cidadãos se tornam comuns, sem contar nos relatos de tortura e abuso de autoridade.

Hoje, uma parte importante das investigações fica a cargo da própria PM, que não tem exatamente se destacado por punir os seus membros. E embora o número de policiais violentos possa representar uma minoria da corporação, é suficiente para manchar a imagem da PM e deixar a população assustada.

Pilotto sabe que dificilmente terá qualquer chance de ganhar a eleição. Por isso mesmo, talvez, tenha mais liberdade para falar de temas espinhosos. Seus colegas de debate, porém, ainda não entenderam que poderiam ganhar algo tratando do tema. Milhares de mães e pais vivem assustados com a possibilidade de seus filhos serem alvo da polícia.

Requião tem dito que o policiamento comunitário é a saída para tudo. Tem razão em defendê-lo. Mas a utopia de PMs e famílias se abraçando que ele vende em seu discurso passou longe de existir em seus governos.

Richa prometeu Curitiba com policiamento exclusivamente comunitário até 2014. Não entregou o que prometeu e a polícia continua tão violenta quanto quatro anos antes, como mostra o caso do menino Ismael torturado no Uberaba – entre tantos outros.

Gleisi faz parte de um governo federal que não tomou nenhuma medida importante para desmilitarizar a polícia ou para punir os policiais que praticam violência contra a população.

Nesse tema, os três estão em dívida com a população das grandes cidades e, especialmente, com os habitantes da periferia.

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