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Professora acusa deputado de machismo; Rossoni diz ter sido hackeado
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rossoniTexto da repórter Amanda Audi:

Mais uma vez, o deputado federal e ex-presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Valdir Rossoni (PSDB), é alvo de polêmica por comentários de cunho machista. No sábado (16), a professora de História curitibana Adriane Sobanski acusou Rossoni de chamá-la de “biscate” em uma conversa no Facebook. Logo a história ganhou repercussão nas redes sociais.

Adriane explicou que comentou em duas postagens do deputado no Facebook, nas quais ele reclamava do governo federal. Em tom de crítica, a professora disse que ele deveria antes ver a situação do Paraná. Os comentários dela já foram apagados.

“Ontem vi duas postagens deste senhor criticando o governo Dilma. Assim como várias outras pessoas, cobrei o que acontece aqui no Paraná. Olhem a resposta que recebi!”, escreveu  ela no Facebook no sábado pela manhã.

De acordo com a imagem a professora publicou (um print screen), o deputado teria enviado a seguinte mensagem privada para ela: “Pelo seu desrespeito imagino o q vc faz e sua casa vai procurar sua turma biscate” (sic).

No mesmo dia, Rossoni afirmou que sua página havia sido invadida por hackers, dando a entender que a mensagem divulgada pela professora não partiu dele. Mas não citou especificamente o episódio. Depois, voltou atrás e apagou o post. Mas deixou uma imagem que diz “Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter… Calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri (…)”.

A reportagem tentou entrar em contato com Rossoni nesta segunda-feira (18), mas os dois celulares dele e o da assessoria estavam desligados. Ele também foi procurado no gabinete da Câmara, em Brasília, mas a informação é de que está no Paraná.

Não é a primeira vez que Rossoni evoca palavras de baixo calão ou que apelam para a intimidade para tratar mulheres. Em 2010, ele chamou uma usuária do Twitter, com quem estava tendo uma discussão online, de “mal-amada”. Em 2014, disse que uma servidora que participava de protesto na Assembleia era “nervosinha” emendando com “imagina o que ela faz com o marido em casa”.

O problema com esse tipo de comentário é que exclui a participação da mulher da vida pública. A mulher que emite uma opinião (mesmo que seja uma crítica pesada) e escuta de uma autoridade que é “biscate”, “mal-amada” ou que insinua que ela maltrata o marido em casa, inevitavelmente vai se sentir desconfortável em continuar participando de uma discussão pública.

Afinal, rebater uma mulher com xingamentos de cunho pessoal e da vida privada não quer dizer, de nenhum jeito, que a opinião que ela emitiu está errada ou que deve ser corrigida.

Se a crítica partisse de um professor homem, por exemplo, ninguém diria que ele é um garanhão, é mal-amado ou que deve bater na mulher em casa. Porque uma opinião política (do espaço público) não tem nada a ver com a intimidade (a vida privada) de uma pessoa. E por que deveria ser diferente com as mulheres?

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