A mitologia do Atletiba
Os antigos mitos não morrem: eles sobrevivem nas histórias que as pessoas contam de suas próprias vidas. E, mesmo que os velhos deuses não sejam citados por seus próprios nomes, eles permanecem no espírito, nas lutas e nas vitórias que as pessoas descrevem como episódios essenciais de suas vidas.
A miologia criada em torno do Atletiba, o maior e mais tradicional clássico do futebol paranaense, sempre nos remete ao passado. Com fatos, lendas ou simplesmente folclore as histórias em torno do grande jogo revelam como as pessoas encaram seu passado: eles também funcionam como uma espécie de enredo que determina as prováveis atitudes futuras.
As informações transmitidas por quem assistiu aos Atletibas dos primeiros tempos ou os registros nos jornais amarelados nas coleções da Biblioteca Pública representam a base do mito. Depois vieram as transmissões radiofônicas, as primeiras imagens registradas pelas filmadoras até chegarmos a era da televisão.
A tradição da comunicação boca a boca, somada aos vídeos gravados nas últimas décadas, construíram o arcabouço da partida encantada. Encantada e cantada em prosa e verso.
Já se disse quase tudo do velho clássico assim como já aconteceu quase tudo nas refregas entre Atlético e Coritiba.
O clássico continua vivíssimo, mexendo com os sentimentos de milhões de pessoas que se identificam com o Coxa e o Furacão. Ou daqueles que apenas gostam de ver o colorido e a alegria nas ruas e nas praças no dia do jogo.
Se tecnicamente o momento das equipes não é dos mais privilegiados, a rivalidade entre as torcidas mantém-se intacta. E é exatamente aí que reside o mistério e o charme dessa partida diferente das demais.
Claro que o ideal seria poder ver a dupla fortalecida, com bons jogadores e cumprindo melhores campanhas no Campeonato Brasileiro. Mas a realidade é essa: Atlético e Coritiba não foram felizes na composição de seus elencos nesta temporada e, por isso, pagam o preço da irregularidade técnica que tem sido as suas principais características.
Mas, como em todo Atletiba, resta a expectativa de alguma surpresa. Pela superação dos personagens envolvidos ou simplesmente pela imortalidade dos velhos mitos que habitam o imaginário popular e funcionam como motivação para a busca da vitória.
Leia também
Erros no ‘reino do Furacão’ e ‘namoro do Coritiba’ marcam Atletiba do feriadão
O último Atletiba do ano, expectativa de clássico à altura das tradições
