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Carneiro Neto
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Grandes e pequenos líderes e a geopolítica do futebol

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Esportes Gazeta do Povo
22/12/2017 19:48 - Atualizado: 27/09/2023 19:35
Grandes e pequenos líderes e a geopolítica do futebol: Winston Churchill.
Grandes e pequenos líderes e a geopolítica do futebol: Winston Churchill.

A relação entre o Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill, e o general francês Charles de Gaulle nunca foi fácil durante a Segunda Guerra Mundial.

Mesmo acolhido na Inglaterra desde que fugiu da França sob o domínio nazista o líder francês nunca perdeu a pose.

Em uma ocasião, Churchill quis impedir uma operação militar apoiada por de Gaulle alegando que o custo seria muito elevado. O general refutou de pronto e disse para o gigante britânico: “Vocês, ingleses, só lutam por dinheiro. Deveriam aprender com os franceses que lutam por honra e dignidade”.

Após longa tragada no seu inseparável charuto, o aliado inglês contestou: “General, cada um luta pelo que não tem”.

Líderes de menor expressão, como a maioria absoluta dos latinos-americanos, preferem visitar países subdesenvolvidos e mais a esquerda, do que as potencias desenvolvidas.

O venezuelano Hugo Chaves e o brasileiro Lula, por exemplo, viajavam ao exterior na expectativa de que seus anfitriões, seja lá onde pusessem os pés e qualquer que fosse o motivo da visita, lhe proporcionassem palanques e holofotes para as suas diatribes antiamericanas. Se possível, que os tratassem de forma tal que pudessem fotografar e filmar a acolhida, para consumo dos eternos desavisados, como reconhecimento de suas projeções internacionais e endosso das suas elucubrações sobre as realidades mundiais.

Nas raras vezes em que visitaram potencias industriais, políticas ou militares percebiam os líderes daqueles países guardando profilática distancia das fanfarronices esquerdistas dos seus hóspedes, deixando cristalinamente claras as diferenças.

Pano rápido para entrarmos no cenário político do futebol.

“Onde a Arena vai mal, mais um time no nacional”, dizia-se nos tempos dos governos militares brasileiros.

O bordão fazia troça das manobras do partido governista de então, a Arena, que patrocinava o inchaço do Campeonato Brasileiro em busca de apoios políticos regionais. Nos tempos do almirante Heleno Nunes como presidente da CBF a competição chegou a contar com 94 clubes na edição de 1979.

Não difere muito do que faz hoje em dia a FIFA e a Conmebol.

Se a Libertadores virou autêntico festival de times inexpressivos mesclados aos principais do nosso subcontinente, a Sul-Americana também não fica atrás em termos de redução de qualidade técnica.

Eleito com alguma dificuldade para o comando da FIFA, logo após a tempestade que varreu Zurique em 2015, o suíço Gianni Infantino aproveitou a oportunidade preciosa que teve para agradar a periferia numerosa votante no futebol, espalhada por África, Ásia, Oceania, Américas do Norte e Central.

A FIFA elevou de 32 para 48 o número de países participantes da Copa do Mundo a partir de 2026.

A credibilidade da entidade máxima do futebol foi devastada pelos escândalos de corrupção que eclodiram logo depois do Mundial de 2014.

Levaram a prisão muitos dirigentes, todos acusados de receber suborno na organização de torneios, inclusive os líderes Sepp Blatter e Michel Platini.

A nova geopolítica do futebol só tem olhos para a política rasteira e os interesses financeiros. Já para a qualidade técnica da Copa do Mundo as perdas parecem óbvias.

Ampliou-se em demasia um certame em que as melhores colocações, com raras exceções em sua história, pertencem a não mais do que uma dúzia de selecionados nacionais.

Na próxima Copa, na Rússia, será inevitável, na primeira fase do torneio, a multiplicação de partidas de nível técnico sofrível e pouca ou nenhuma relevância para a classificação.

O incomparável sucesso do futebol reúne competição, espetáculo, negócios, política e globalização.

Dificilmente a Copa apontará com fidelidade os melhores times, pois os resultados estão na margem de erro dos prognósticos dentro do gramado. O novo formato privilegia os contrastes entre estilos e a emoção das disputas decisivas, que podem ser seladas em um momento de sorte ou fraqueza durante 90 minutos.

Nessa nova geopolítica do futebol, a FIFA tenta garantir o seu espaço, mesmo correndo o risco calculado de esvaziar a Copa do Mundo como sucesso garantido de patrocinadores, público e crítica.

O importante para os cartolas é sobreviver mantendo o poder.



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