O incrível jogo de nove gols em meio tempo
“O futebol brasileiro está muito nivelado”.
É assim que dizem alguns dos nossos melhores críticos da matéria.
Esse panorama poderia ser ampliado para o nosso sub-continente, já que as refregas pela Libertadores e Sul-Americana demonstram rigoroso equilíbrio em nome de uma técnica de padrão inferior.
Na Europa, ao contrário, os melhores times lideram as competições nos seus países e se enfrentam em alto nível na “Champions League”.
Ou seja, quem tem bons jogadores tem, e quem não tem se vira como pode. É o caso dos clubes sul-americanos que se resignaram como exportadores de matéria-prima de qualidade e se contentam com o que restou. Torneios arrastados, disputas sem brilho e poucos craques em campo.
Fica difícil para quem, como eu, viveu outras épocas e pode fazer comparações entre treinadores e jogadores. Melhor dizendo: aqueles que acompanharam as transformações que ocorreram no jogo.
Outro dia, em entrevista a ESPN, Vanderlei Luxemburgo lembrou o seu inicio de carreira como técnico campeão pelo modesto Bragantino. Inteligente como sempre e bom de prosa, Luxemburgo contou como era difícil brilhar como treinador naquela época diante da qualidade dos concorrentes. Era o tempo de Telê Santana, Enio Andrade, Rubens Minelli, Otacílio Gonçalves, Cilinho, enfim uma geração que deixou saudades.
Atualmente o futebol brasileiro enfrenta uma crise de jogadores, pois os bons vão embora muito cedo e a reposição está ficando cada vez mais difícil. Ao mesmo tempo verifica-se uma transição nos comandos das equipes com o surgimento de novos personagens ocupando o espaço deixado pelos veteranos. Entre eles o próprio Vanderlei Luxemburgo que nunca demorou tanto tempo sem emprego.
A maioria dos novatos está em fase de aprendizado, o que se transforma a química do futebol em mistura perigosa: profissionais inexperientes trabalhando com jogadores de categoria técnica inferior.
A conseqüência disso é o baixo nível da maioria dos campeonatos. Tanto que o atual campeão nacional, o Corinthians, continua longe de se aproximar de algumas formações do próprio Corinthians no passado. E mesmo o atual campeão sub-continental, o Grêmio, está distante de ser considerado um time acima da média. Ambos são muito competitivos, sem dúvida, mas em nome de uma técnica rudimentar.
Por isso tem acontecido coisas esquisitas como esse desconcertante 5 a 4 do Atlético em cima do modesto Tubarão. Nem tão modesto assim, afinal conseguiu fazer quatro gols na Arena da Baixada, sendo três de cabeça.
Erros graves que devem ser depositados na conta do goleiro Santos, que não saiu bem da meta em nenhum momento da partida, e de todos os zagueiros, lentos e sem impulsão.
Depois de um primeiro tempo sem gol, o jogo tornou-se sensacional tanto pelas inúmeras falhas apresentadas pelas duas defesas como pela perícia dos fazedores de gol. Gedoz, o melhor de todos – inexplicavelmente reserva do limitado time atleticano -, jogou apenas cinco minutos: cobrou o escanteio que originou o quarto gol e assinalou o quinto fechando a conta do incrível jogo de nove gols em meio tempo.
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