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O seriado Tudo Novo de Novo peca pelo excesso de leveza
| Foto:
Divulgação/Rede Globo
Júlia Lemmertz e Marco Ricca: descasados em busca de uma nova chance.

Entre 1999 e 2002, a rede ABC, no Estados Unidos e, o canal pago da Sony, no Brasil, exibiram o seriado Once and Again. O programa tinha como ponto de partida o relacionamento entre um homem (Billy Campbell) e uma mulher (Sela Ward) descasados, ambos com filhos, que decidem iniciar uma vida juntos. Território fértil para a ficção, esse recomeçar gerou três temporadas, seguidas avidamente por espectadores que grudavam na telinha para ver o circo pegar fogo.

No último mês, a Rede Globo lançou em sua programação 2009 uma nova série que parte quase da mesma premissa. Tudo Novo de Novo vai ao ar às sextas-feiras, depois do Globo Repórter, e é escrita por Carlos Gregório, Duba Elia, Fernando Rebello, Flávia Lins e Silva e Maria Camargo, com redação final de Lícia Manzo e com supervisão de texto de Maria Adelaide Amaral. Parece ser uma equipe grande demais para uma proposta ficcional simples. Mas só na aparência.

Não é tarefa fácil reproduzir a vida real, seja no cinema, na televisão ou na literatura. Como retratar situações cotidianas vividas por milhões de pessoas sem cair na banalidade, no meramente trivial? O grande público brasileiro, há gerações habituado à linguagem melodramática das telenovelas, cheia de reviravoltas e situações por vezes inverossímeis, nem sempre quer ver a vida como ela é. Por isso, cabe aos roteiristas saber “temperar” o realismo com pitadas de humor e romantismo sem pesar a mão. Algo que demanda experiência e perícia.

Até agora, a equipe de Tudo Novo de Novo tem se saído relativamente bem. O par principal, Clara e Miguel, é vivido por atores tarimbados: Júlia Lemmertz e Marco Ricca. Ela é uma arquiteta casada pela segunda vez que descobre estar sendo traída pelo atual marido, Paulo (Guilherme Fontes). Mãe da adolescente Carol (Daniela Piepszyk), de seu primeiro casamento, e de Léo (Matheus Gabriel), Clara resolve dar o basta e expulsa Paulo de casa.

Miguel, por sua vez, é um neossolteiro que tem lá suas namoradas, mas nada sério, fixo. Sua relação com a ex-mulher, a depressiva e insegura Rute, interpretada pela atriz Arieta Corrêa, é atribulada. O casamento, para ela, parece não ter chegado a um fim definitivo. Sobra para a filha pré-adolescente, a adorável Júlia (Poliana Aleixo), muito apegada ao pai. Ela sonha com uma possível reconciliação.

Embora a série tenha qualidades para emplacar, como as atuações dos protagonistas e os bons diálogos, há uma certa falta de tensão, de conflitos mais graves, que empresta a Tudo Novo de Novo uma leveza talvez indesejável. Não se trata, afinal, de uma comédia romântica, mas de um produto teledramatúrgico adulto, mais próximo do antológico Malu Mulher, marco da tevê nos anos 80, do que de Os Normais. Se quiser adquirir fôlego e sobreviver, Tudo Novo de Novo terá de perder um pouco de seu tom blasé e investir no potencial dramático dos inevitáveis percalços que a relação entre Clara e Miguel enfrentará para vingar.

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