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Rede de Mentiras critica política externa dos EUA
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Divulgação
Leonardo DiCaprio é um ex-jornalista que se torna agente da CIA em Rede de Mentiras.

Nada acontece ao mero acaso em Hollywood. Da escolha das temáticas dos filmes às datas de estréia, tudo é pensado, discutido, minuciosamente planejado. Portanto, não surpreende que os produtores do filme Rede de Mentiras tenham decidido lançá-lo nos Estados Unidos no dia 10 de outubro (ao Brasil, a produção chega em novembro), a menos de um mês da eleição presidencial que confrontará o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, marcada para 4 de novembro.

Adaptação do romance de ação e espionagem de David Ignatius, o filme, dirigido pelo britânico Ridley Scott (de Gladiador e O Gângster), traz uma visão bastante cínica e negativa da política externa norte-americana, sobretudo nas regiões do Oriente Médio e da Ásia Central (Afeganistão). Retrata, em detalhes, como os EUA, em nome de sua hegemonia, da defesa de seus interesses econômicos e geopolíticos, podem passar por cima tanto de inimigos quanto de aliados.

Um Leonardo DiCaprio barbudo, para aparentar mais idade do que tem na vida real, vive Roger Ferris, ex-jornalista que vira agente da CIA e é enviado a Amã, capital da Jordânia, para ajudar a inteligência local a caçar um suposto líder da Al Qaeda que planeja atacar os Estados Unidos. O neozelandês Russell Crowe, grisalho como no excelente O Informante (de Michael Mann), é seu chefe, Ed Hoffman, um homem astuto e manipulador com quem Ferris manterá uma relação ambígua pautada pela tensão e pelo jogo de forças.

A frase “Não acredite em ninguém. Engane todo mundo”, estampada nos cartazes e no material de divulgação de Rede de Mentiras, ganha especial significado em um ano-chave para o futuro dos Estados Unidos como 2008, sobretudo numa campanha na qual os temas “guerra” e “terrorismo” parecem estar entre os pontos nevrálgicos no embate entre McCain e Obama.

Entre os percalços enfrentados por Rede de Mentiras, a impopularidade dos EUA e sua política externa no Oriente Médio quase pôs a produção em risco. Scott tentou rodar muitas das cenas em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, um dos destinos turísticos mais populares da atualidade. O Conselho Nacional de Mídia do país, entretanto, negou ao diretor permissão de filmar em seu território depois de ler o roteiro, considerado politicamente ousado (e perigoso) demais. Como conseqüência, as locações tiveram de ser transferidas para o Marrocos, que já serviu de cenário para produções importantes como Babel.

Outra polêmica envolvendo o projeto foi a escolha da bela atriz Golshifteh Farahani, estrela do cinema iraniano, para um papel importante no filme, a enfermeira Aisha, que trata do personagem de DiCaprio em Amã. Chegou-se a noticiar que o governo do Irã havia vetado a participação de Golshifteh em Rede de Mentiras e a impedido de sair de Teerã, mas ela acabou atuando no longa-metragem e esses rumores nunca foram confirmados.

O roteiro de Rede de Mentiras é assinado por William Monahan (vencedor do Oscar por Os Infiltrados), com supervisão de Steve Zaillian, também vencedor de uma estatueta por A Lista de Schindler e autor do script de O Gângster, penúltimo longa-metragem de Ridley Scott.

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