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Terra Vermelha mostra a realidade dos índios no Mato Grosso do Sul
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Réprodução
Cartaz italiano do importante filme Terra Vermelha, em exibição no Cineplex Batel.

Em cartaz no Cineplex Batel,a co-produção ítalo-brasileira Terra Vermelha, obra de alto teor político, é um daqueles filmes obrigatórios para quem deseja compreender a questão indígena no país. O filme, dirigido pelo chileno Marco Bechis (do ótimo Garagem Olimpo) e co-escrito por ele e pelo roteirista paulista Luiz Bolognesi (de Chega de Saudadee Bicho de 7 Cabeças), o longa retrata o processo de aculturação galopante dos índios guarani-kaiuwá no Mato Grosso do Sul. Confinados em uma reserva da Funai, eles vêem sua floresta ancestral pouco a pouco ser derrubada para dar espaço a extensas áreas pastagens em grandes propriedades particulares.

Consumidos pelo alcoolismo e pela absoluta falta de perspectivas, ganham trocados “posando de selvagens”, como atores de si mesmos, para turistas estrangeiros que visitam a área e também fazem bicos nas fazendas da região em época de colheita.

Quando duas jovens da reserva se suicidam na floresta, num ato extremo que vem ocorrendo cada vez com maior freqüência entre os índios, um grupo decide abandonar as terras que lhes foram destinadas pelo governo federal e retornar ao local onde seus antepassados estão enterrados, hoje ocupado pela propriedade de um rico latifundiário, vivido por Leonardo Medeiros (de Não por Acaso e atualmente no ar em A Favorita). A decisão tem conseqüências trágicas.

Libelo poderoso a favor da causa indigenista, Terra Vermelha – elogiado na mostra competitiva do Festival de Veneza deste ano – vai bem além do cinema engajado, voltado à defesa dos direitos humanos. É politicamente correto numa certa medida, mas não maniqueísta ou ingênuo.

Muita da sua força vem do roteiro, que dá complexidade aos personagens, sobretudo àqueles vividos com desenvoltura por índios da região. Esse impacto também vem da problematização da situação de penúria dos nativos, divididos entre as tradição de sua cultura original e a “civilização” do homem branco, representada por tentações como telefones celulares, motocicletas e carne de vaca, animal considerado inimigo pelo xamã da tribo por também ser um “invasor”. O longa integra uma mostra filmes italianos já exibidos no Festival de Veneza.

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