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Temer e Cunha se confabulam durante cerimônia na Câmara, em novembro passado. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Temer e Cunha se confabulam durante cerimônia na Câmara, em novembro passado. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil| Foto:
Temer e Cunha se confabulam durante cerimônia na Câmara, em novembro passado. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Temer e Cunha se confabulam durante cerimônia na Câmara, em novembro passado. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Informações de acertos de bastidores que circularam às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados vieram à tona com mais força horas depois da votação dos deputados. Vários veículos de comunicação do Brasil e fora do país passaram a divulgar possíveis conchavos por trás do “acordão” do impeachment.

O jornal espanhol El País desatacou que “o temido efeito colateral do impeachment (…) já está em curso”. De acordo com o diário, os aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já trabalham para retribuir a ele a aprovação do impeachment. A proposta seria livrar o peemedebista do processo no Conselho de Ética da Casa.

O que o grupo aliado de Cunha teme é que ele seja cassado e perca o foro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde está sendo processado por corrupção.  “Se isso acontecer, ele perderia o direito ao foro privilegiado, e poderia ser julgado pelo implacável juiz federal Sérgio Moro”, publicou o El País.

Deputados do PMDB confirmaram a tendência ao jornal espanhol.  “O juízo da casa é um juízo político, de conveniência e oportunidade”, afirma o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB-PR), para quem o processo no Conselho “não vai dar em nada, uma vez que o Cunha tem maioria lá”.

A visão não é diferente em partidos que não poiam Dilma nem Temer. “Está se confirmando o que nós já sabíamos, é uma grande farsa, eu não ficaria nem um pouco surpreso se ele fosse anistiado pelo Conselho de Ética ”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

PRESSÃO NA LAVA JATO

Paralelamente estaria havendo uma articulação para pressionar o Ministério Público com a intenção de abafar a Lava Jato. Os maiores beneficiários com o esfriamento da ofensiva do MP e da Polícia Federal seriam o vice-presidente Michel Temer –  que assumirá a Presidência caso o Senado confirme o impeachment de Dilma – e Áecio Neves, presidente do PSDB e encarregado de buscar apoio para sustentação do novo governo.

Temer e Aécio foram citados na Operação Lava Jato, mas o processo depende do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que é quem tem a responsabilidade de denunciar ou não os dois políticos ao STF.

O PSDB nega que esteja atuando para abafar a Lava Jato e proteger envolvidos. Ao jornal Folha de S. Paulo, tucanos declararam que entre as condições impostas pelo partido para dar apoio a um eventual governo Temer está a continuidade da Lava Jato. “Nada justifica o arrefecimento das investigações”, disse um dirigente tucano à Folha. O “combate à corrupção” também estaria entre as propostas.

O vice-presidente Michel Temer também nega que vá “abafar” a Lava Jato, segundo relatou Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp em reportagem de O Estado de S. Paulo (Estadão). Loures participou de almoço a porta fechadas com Temer e conselheiros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) no último dia 31 de março.

“PRESSA DE MORO”

Uma suposta pressa do juiz Sergio Moro de acabar rapidamente com a Lava Jato logo após o impeachment também trouxe preocupação a setores que querem investigação mais rigorosa dos políticos que até então estavam na oposição e foram citados.

No último dia 13, o Estadão publicou reportagem em que revela intenção de Moro de dar um fim às investigações até o fim deste ano. “Terminar até dezembro a parte da primeira instância é uma expectativa ou um desejo”, teria dito uma pessoa próxima a Moro ao jornal.

Entre os governistas, não faltam acusações de que um eventual governo Temer teria como um dos principais focos “apagar” a Lava Jato e salvar os acusados dos partidos que comporão a nova base de apoio ao governo. A tese de petistas é que a maior operação de combate à corrupção — com 155 mandados de prisão e mais de 50 políticos investigados — vai para o ralo, sendo punidos apenas, entre os acusados ligados a partidos políticos, o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, ambos do PT.

Para Falcão, abafar a Lava Jato está entre “os motivos sinistros” para derrubar Dilma.

“O acordo com Temer é para salvar o Eduardo Cunha”, acusa a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para esse grupo, mesmo que a Lava Jato não acabe agora, as investigações se concentrarão nos mesmos já denunciados e presos, deixando de fora as principais figuras do próximo governo.

MP

O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, disse que “independentemente de quem estiver no governo, as investigações continuam como vinham ocorrendo até agora”.

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