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Juca confabula com Aécio no Senado. Foto: Agência Senado
Juca confabula com Aécio no Senado. Foto: Agência Senado| Foto:
Juca confabula com Aécio no Senado. Foto: Agência Senado

Juca confabula com Aécio no Senado. Foto: Agência Senado

As gravações do ministro do Planejamento do governo interino, Romero Jucá (PMDB), não deixam dúvidas: a Operação Lava Jato não pode mais se concentrar apenas nos políticos, empresários e operadores já conhecidos no esquema do Petrolão. Os procuradores do Ministério Público, a Polícia Federal e o juiz Sergio Moro precisam mostrar à sociedade que todos os suspeitos serão investigados, sem cor partidária ou ideologia. Para isso, as acusações contra líderes tucanos devem ser apuradas com todo o rigor.

Nas conversas ocorridas em março passado, Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. E, estancando as investigações, um dos políticos que se livrariam seriam o senador Aécio Neves, presidente do PSDB.

A conversa mostra um plano diabólico para tomar o governo federal a barrar as investigações de corrupção. Veja trechos:

MACHADO – É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional.

JUCÁ – Com o Supremo, com tudo.

MACHADO – Com tudo, aí parava tudo (a investigação da Lava Jato).

JUCÁ – É. Delimitava onde está, pronto.

[…]

MACHADO – O Renan [Calheiros] é totalmente ‘voador’. Ele ainda não compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso não.

[…]

MACHADO – A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado…

[…]

MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.

JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].

MACHADO – Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?

JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.

[…]

MACHADO – O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.

[…]

MACHADO – O Aécio, rapaz… O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB…

JUCÁ – É, a gente viveu tudo.

Por que a gravação de Jucá só foi tornada pública agora, depois da votação do impeachment? Essa é uma pergunta que os responsáveis pela Lava Jato devem responder à sociedade.

O argumento do governo afastado é que houve um golpe. Revelações de bastidores, como a de Jucá, reforçam a tese de golpe. Fora do Brasil já há um convencimento de que o que ocorreu fugiu à normalidade democrática.

A Lava Jato tem a obrigação não só de investigar todos os suspeitos e punir todos os que cometeram crimes, mas também de esclarecer à sociedade dúvidas que foram levantadas durante o processo: delações seletivas, investigações dirigidas, parcialidade, motivação ideológica, denúncias contra o presidente interino, Michel Temer, e muitas outras.

 

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