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Lula, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros no mesmo palanque durante as manifestações a favor da eleição direta para presidente da República, em 1984. Foto: Memória Sindical
Lula, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros no mesmo palanque durante as manifestações a favor da eleição direta para presidente da República, em 1984. Foto: Memória Sindical| Foto:

Lula, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros no mesmo palanque durante as manifestações a favor da eleição direta para presidente da República, em 1984. Foto: Memória Sindical

Lula, Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros no mesmo palanque durante as manifestações a favor da eleição direta para presidente da República, em 1984. Foto: Memória Sindical

Diretas JáFora Collor

Distante daquela realidade, os protestos que ganharam as ruas nos últimos meses têm causas difusas. No meio da multidão há os que pedem a volta da ditadura [um atentado à democracia], outros que querem o impeachment da presidente da República, os que clamam pelo fim da corrupção, os rebeldes sem causa e os com causas inócuas.

Além de bandeiras antagônicas, grande parte dos manifestantes comete grave equívoco ao negar a política. Sob o slogan de “protesto apolítico e apartidário”, a revolta tem tudo para cair no vazio.

Concorde ou não, a política e os políticos são os responsáveis numa sociedade democrática para fazer as mudanças legais e constitucionais. Fora da política e da democracia cai-se no estado de exceção, ou no abismo social. Ao rejeitar partidos e lideranças, os protagonistas das ruas correm o risco de produzirem revoluções estéreis. Em outra hipótese, deixam aberta a porta para que as decisões continuem a ser tomadas por aqueles contra os quais estão contestando.

Para mudar, os descontentes terão de eleger novos líderes, que os representem genuinamente. Terão de fazer propostas viáveis nos fóruns de decisão. Precisarão mudar o jogo político estabelecido. A revolta de um domingo causa impacto, mas por si só não é suficiente para fazer as transformações.

As contradições entre os revoltados são muitas. Pede-se mudança na política, mas não há pressão das ruas sobre o Congresso com indicação clara do que se deve mudar na estrutura político-partidária e eleitoral. Cobra-se o fim da corrupção, no entanto, não existe mobilização para exigir a aprovação de medidas duras contra corruptos e corruptores, além da criação de mecanismos para impedir os descaminhos. E as outras reformas de base, na educação, na saúde, na economia, na distribuição de renda e na redução da desigualdade social?

Sem ter um projeto claro de nação, liderado pelas instituições da sociedade civil e políticos compromissados, o país mergulha ainda mais na incerteza.

Célio Martins

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