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Do livro "Jango: a vida e a morte no exílio", do escritor e jornalista Juremir Machado da Silva.
Do livro "Jango: a vida e a morte no exílio", do escritor e jornalista Juremir Machado da Silva.| Foto:

Do livro

Do livro “Jango: a vida e a morte no exílio”, do escritor e jornalista Juremir Machado da Silva.

O bom senso recomenda cautela. Parece estranho que, apenas seis meses depois da posse de uma presidente que foi eleita para um mandato de quatro anos, muitos dos que não triunfaram nas urnas entoem o coro da cassação da vencedora. Mais grave que isso: alguns oposicionistas – incluindo o PSDB – e até alguns aliados fisiológicos já articulam um novo governo, discutem como será o pós-Dilma e começam a fazer a partilha de cargos [o horrendo toma lá, dá cá].

Se a população avaliar com isenção o impasse político e a crise institucional que estão engendrando no país, certamente chegará à conclusão de que muitos dos defensores da saída de Dilma buscam violar o processo a ser seguido para passar a limpo todas as dúvidas que pairam sobre a nação.

Arquivo Gazeta do Povo.

Arquivo Gazeta do Povo.

2) As empresas envolvidas no escândalo da Petrobras financiaram tanto os partidos do governo quanto os partidos de oposição. Um exemplo é a UTC, que, de acordo com dados da ONG Transparência Brasil, doou R$ 8,72 milhões para a campanha a presidente de Aécio Neves no ano passado – valor superior ao doado à campanha de Dilma.
• Esses dados mostram que o caso de financiamento de partidos e candidatos por empresas prestadoras de serviços aos governos é muito mais complexo do que o exposto diariamente na mídia. O dinheiro das empreiteiras (vindo da Petrobras) financiou também candidatos a governador, senador, deputado federal e deputado estadual da maioria dos partidos.

3) Sobre a crise econômica, está evidente a gravidade dos problemas econômicos, mas o que se presencia é uma orquestração no Congresso para estabelecer o caos, com a criação de mais despesas para os cofres públicos (o dever do Congresso nesse momento é contribuir para que o país volte ao crescimento).

4) A prestação de contas do governo, usada pelos opositores como justificativa para a cassação, ainda está em avaliação no Tribunal de Contas da União (TCU).

A declaração do senador Aécio Neves na convenção do PSDB traduz o anseio dos setores que querem a todo custo tirar a presidente do governo. Disse claramente que o PSDB deve se preparar porque, “em breve”, deixará de ser oposição para “ser governo”.

O PMDB, aliado e inimigo ao mesmo tempo, age dubiamente como desestabilizador e salvador da pátria.

O procedimento a ser seguido é dar tempo para que as apurações de todas as denúncias e dúvidas sejam concluídas. Não se pode atropelar o Supremo Tribunal Federal (STF) – responsável pelo julgamento dos políticos envolvidos –, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – responsável pela avaliação de todas as contas de campanha eleitoral dos candidatos a presidente –, o Tribunal de Contas da União (TCU) – que julga as contas do governo –, e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) – última instância de recursos da justiça comum para os envolvidos no caso Petrobras.

As feridas de golpes do passado na institucionalidade brasileira ainda não cicatrizaram. Em 1964 o golpe também foi dissimulado. Orquestrou-se a quebra da democracia com nuances de legalidade, institucionalidade.

Um novo golpe à democracia brasileira seria trágico e a pior das saídas para a crise.

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