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Moara Correia chegou à universidade por meio do ProUni. Foto: Divulgação/UNE
Moara Correia chegou à universidade por meio do ProUni. Foto: Divulgação/UNE | Foto:
Moara Correia chegou à universidade por meio do ProUni. Foto: Divulgação/UNE

Moara Correia chegou à universidade por meio do ProUni. Foto: Divulgação/UNE

Pela primeira vez, em 79 anos desde a sua fundação, a União Nacional dos Estudantes (UNE) tem à frente uma mulher negra. Moara Correia, estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), substituiu Carina Vitral, que é candidata a prefeita de Santos, no litoral paulista.

Antes de Moara, em 1968, outra mulher negra chegou à vice-presidência da entidade, a estudante de Letras da USP, Helenira Rezende, que foi perseguida e assassinada pela ditadura militar.

Filha de pais militantes da Juventude Operária Católica, nascida em Recife (PE) e criada em Contagem (MG), Moara chegou à universidade beneficiada pelo ProUni, na PUC-MG, no curso de Engenharia Civil. Por meio do Enem, ela mudou para Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde cursa o 7º período de Engenharia Civil.

Sobre a escolha do curso, ela diz que achou na engenharia uma “forma concreta de ajudar as pessoas”.

De acordo com seu relato ao site da UNE, nessa época, Moara trabalhava o dia todo em projeto social onde dava aulas de musicalização para crianças, de lá saia correndo para a aula a noite.

Aos 17 anos, a estudante ajudou a construir o 1º Fórum Nacional da Juventude Negra. “Eu sou de uma família negra, que sempre se reconheceu negra e sempre militou por isso”, diz.

A militância no movimento estudantil começou em 2011, quando participou do 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE, em Salvador. No ano seguinte participou do Encontro de Negras e Negros da UNE, também em Salvador. De lá para cá não parou mais. Em 2013, durante o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base, o Coneb, no Recife, decidiu fazer parte da UNE.

“A minha família é muito fruto das políticas públicas dos últimos 10 anos de governos de esquerda. Eu acho que isso me mobiliza até mais a lutar com tudo isso que está acontecendo, meus dois irmãos também fazem engenharia na UFMG por cotas, minha mãe é cotista e bolsista do ProUni e meu pai é estudante do Fies em uma faculdade particular agora depois dos 50 anos”, conta.

Moara defende a mobilização da juventude para impedir a retirada de direitos conquistados nos últimos anos. “Tivemos vários avanços nos últimos treze anos e agora temos que barrar os retrocessos que estão acontecendo e garantir que essas pessoas, que somos nós, não saíamos dos espaços que a gente ocupou.”

Em relação ao governo Temer, a estudante não tem meias palavras. “Desde que assumiu o MEC, o ministro do DEM tem imposto uma agenda de retrocessos cada vez mais nefasta para os estudantes. Já foi anunciado fim de uma parte do programa Ciências Sem Fronteiras, Fies, do Pibid, os 45% de cortes no setor no próximo ano e até mesmo a gratuidade da universidade pública foi ameaçada”, diz.

E emenda: “Não temos como sequer negociar com este governo, por isso a nossa luta central é o Fora Temer”.

Moara reafirma ainda a necessidade do retorno da normalidade democrática, com a realização de eleições diretas, para que a população volte a participar das decisões. “Sem a restituição do processo democrático no país, é impossível e inviável a construção de qualquer política pública de avanços para a juventude. Fora do regime democrático, a juventude só vai ter derrotas. A democracia é muito cara para a UNE. A história da UNE se confunde com a história da construção da democracia no país.”

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