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A horda dos saradões: como o efeito 300 está minando a autoestima dos jovens
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Não teve outra. Seja nos Estados Unidos ou no Brasil, as bilheterias do último fim de semana foram dominadas por 300 – A Ascensão do Império (300: Rise of an Empire), novo filme da franquia lançada por Zack Snyder em 2006, baseada nos quadrinhos de Frank Miller. Entre os últimos dias 7 e 9, a produção arrecadou nos EUA razoáveis US$ 45 milhões e, somente no Brasil, US$ 5,8 milhões – número que deu ao filme a marca de melhor bilheteria de fim de semana para um lançamento em março.

300: malhação pesada, ao que parece, era rotina em Esparta.

300: malhação pesada, ao que parece, era rotina em Esparta. (Foto: Divulgação)

A popularidade do épico que mistura quadrinhos, visual de videogame e violência extrema, porém, esconde um efeito colateral que, ao menos na visão de especialistas norte-americanos, tem sido extremamente prejudicial principalmente para os espectadores mais jovens. E, surpresa, não estamos falando do sangue na tela e de cabeças decepadas. Artigo da revista Time publicado nesta semana mostra que filmes como 300, recheados de homens másculos com abdomens super definidos, têm contribuído para o aumento das desordens de peso em homens adultos e adolescentes. Além de minar a autoestima dos espectadores ao propor um modelo estético para o corpo praticamente irreal.

Em resumo, esses filmes estariam justamente fazendo com os homens o que o cinema, a publicidade e a mídia como um todo já fazem com as mulheres há décadas: impondo a ideia (equivocadíssima, aliás) de que um corpo atraente é aquele “com tudo em cima”, conquistado somente depois de muita ralação na academia e dietas forçadas. O artigo da jornalista Eliana Dockterman (leia aqui na íntegra, em inglês) cita estudos que mostram que, ao invés de simplesmente querer emagrecer, parte dos jovens norte-americanos têm se empenhado para conquistar massa muscular e ganhar peso.

As pesquisas detalham que, em média, os jovens do país achariam ideal ganhar de 7 a 12 quilos de músculo e perder somente de 3 a 4% de gordura corporal. Outro estudo relata que 18% dos garotos estão muito preocupados com sua aparência física e peso. Mais: 25% dos homens com um peso considerado saudável acham que estão acima do peso e 53% dizem que se sentiram inseguros quanto à sua aparência ao menos uma vez na última semana. Uma pesquisa recente da TODAY/AOL Body Image mostra, inclusive, que os homens estariam mais preocupados com sua aparência física do que com o sucesso profissional, a família e a saúde.

Os soldados de 300 e seus músculos ultra definidos: fazendo a cabeça de mulheres e homens.

Os soldados de 300 e seus músculos ultra definidos: fazendo a cabeça de mulheres e homens. (Foto: Divulgação)

E é aí, segundo a jornalista da Time, que começam os problemas. Incapazes de atingir essas metas e chegar ao visual tão aspirado, estes jovens rumam à depressão, desordens na alimentação e comportamentos de risco (como o uso de anabolizantes). “Garotos estão se engajando em um diferente tipo de comportamento prejudicial à saúde – malhando obsessivamente, tomando substâncias naturais mas sem regulamentação, como shakes e pós, e até usando esteroides. Tais esforços podem prejudicar o crescimento destes jovens e, no caso dos esteroides, causar problemas de comportamento, como raiva e depressão”, relata a Time.

O artigo lembra que, quando o primeiro 300 chegou ao cinema, há oito anos, houve um alvoroço nas academias dos EUA e entre os adeptos da musculação pesada. O “treino 300”, desenvolvido para colocar os atores do filme na forma física em que ganharam a telona, virou mania: tratava-se de fazer 300 repetições de vários exercícios sem intervalo algum. Publicações “especializadas” passaram a divulgar variações do programa e vídeos no YouTube davam sua contribuição.

“Programa 300”: série de exercícios criado para elenco do filme virou mania nos EUA. (Foto: Divulgação)

Aqui, mais uma vez voltamos à velha e insaciável discussão: até que ponto estes efeitos prejudiciais são de fato resultado da exposição dos jovens a esses filmes? Apesar de haver controvérsias, me parece claro que, seja nos Estados Unidos ou no Brasil, há uma parcela razoável de homens que realmente acreditam que o “formato armário” é um objetivo a ser seguido dia após dia. Eu, particularmente, sou mais do tipo magrelo, com uma barriguinha meio proeminente que insiste em aparecer volta e meia. Longe dos soldados espartanos de 300 e seus tanquinhos ameaçadores, conclui-se.

Você acha que filmes como 300 contribuem para minar a autoestima dos jovens e incentivar comportamentos de risco na hora da malhação? Ou é forçar a barra ligar uma coisa à outra? Deixe seu comentário aqui no blog!

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