• Carregando...
Entre brinquedos assassinos e aranhas letais
| Foto:

Posso dizer que tive uma infância relativamente tranquila. Fora as mudanças de cidade frequentes (meu pai trabalhava como gerente de banco), nunca sofri nenhum trauma físico ou psicológico que deixasse sequelas ou cicatrizes profundas. Nem um osso quebrado, um arranhão mais feio… Talvez eu fosse uma daquelas crianças que se contenta em ficar trancada dentro do quarto, folheando gibis de super-heróis (ok, faço isso ate hoje) e colocando os bonecos do Comandos em Ação em enrascadas imaginárias.

Apesar disso, volta e meia sou assombrado por algumas memórias um tanto quanto tensas de historias vivenciadas, é claro, em frente à televisão. Uma delas, que me incomodou um bom tempo, diz respeito a aranhas. Não sei ao certo se eu já nutria esse pavor a elas antes, mas tenho certeza que depois que vi uma, duas, três vezes, um certo filme, o negocio ficou feio… Estou falando, é claro, de Aracnofobia (Arachnophobia), suspense lançado em 1990 e dirigido por Frank Marshall, que mais tarde se firmaria como produtor em Hollywood, produzindo filmes como O Sexto Sentido, O Curioso Caso de Benjamin Button e a trilogia Bourne.

Divulgação.
Aracnofobia: assustando espectadores inocentes na Sessão da Tarde.

A primeira imagem que me vem a cabeça é o cartaz icônico do filme, que se resumia à figura de uma cidadezinha iluminada por uma lua vultuosa e um céu roxo. Aracnofobia, pra quem perdeu na Sessão da Tarde, conta a história de um grupo de pesquisadores que coleta uma espécie rara de aranha super perigosa na Amazônia (onde mais seria?). Porém, por um percalço do destino, um dos exemplares vai parar em uma pacata cidade americana, onde mistura-se com outras aranhas e cria uma espécie ainda mais mortal. Pelo menos, é assim que eu me lembro da história. Corrijam-me se eu estiver errado, por favor.

O que me marcou, no alto da minha infância, foi a imagem das aranhas rondando os inocentes moradores, prestes a dar a bote, deixando uma singela picada que quase passaria despercebida… Até o pobre coitado cair morto minutos depois. E eram aranhas “normais”, parecidas com qualquer uma que possamos enxergar por aí. Não se tratavam de animais mutantes, monstros grotescos. Apenas ao final do filme que o protagonista, vivido por Jeff Daniels (sim, o parceiro de Jim Carrey em Debi e Lóide), se envolve em um combate incendiário com a aranha-mor, esta com um visual muito mais amedrontador.

Divulgação.
Aracnofobia: o ataque das aranhas malditas na pia do banheiro.

Não deu outra. Passei a enxergar qualquer aranha com uma desconfiança que beirava o descontrole. A tensão era maior quando, aos fins de semana, ia ate o sítio de meu pai, onde eu sabia que as chances de encontrar um daqueles bichos era maior. Involuntariamente, eu imaginava que minha vida estava em risco. Lembrava dos corpos sucumbindo em Aracnofobia, das aranhas que caminhavam pelos cantos e ombros dos sujeitos sem serem percebidas… Aí está um filme que realmente fez jus ao nome.

Outro filme que me causou pesadelos e fascínio na mesma intensidade quando criança foi O Mestre dos Brinquedos (Puppet Master), um terror trash lançado em 1989. Este sim, muito mais obscuro. Trata-se de um grupo de pequenos bonecos que ganha vida e passa a atazanar um grupo de “investigadores paranormais” que teima em tentar descobrir o segredo que fez os brinquedos agirem por conta própria.

Como eu era apaixonado por bonecos quando criança, era difícil não grudar os olhos na tela ao ver aquelas figuras tão exóticas. Havia um boneco com uma espécie de broca na cabeça, outro com um capacete de ferro e um lança chamas, um com uma cabeça minúscula em comparação com o corpo… Mas o mais sinistro era, sem duvida, um que se vestia todo de preto, com direito a chapéu, e que possuía um rosto de caveira. Maldito boneco.

Divulgação.
O Mestre dos Brinquedos: bonecos que dão de dez a zero nos Comandos em Ação.

Pesquisando estes dias na internet, descobri que o filme teve oito continuações (!!??). Praticamente uma franquia de sucesso, no fim das contas. Dá pra achar, inclusive, o primeiro filme completo no You Tube.

Apesar dos sonos perdidos quando criança, pensando com calma hoje vejo que sinto falta desta “herança maldita” que alguns filmes são capazes de proporcionar. Claro que na infância somos muito mais suscetíveis, mais impressionáveis. Mas é difícil encontrar, hoje em dia, filmes de terror ou suspense capazes de nos deixar com aquela pulga atrás da orelha à noite, quando atravessamos o corredor escuro até a cozinha pra assaltar a geladeira… Falem a verdade. Alguém ai teve pesadelos com Atividade Paranormal ou com a série Pânico? Cá entre nós, continuo tendo muito mais receio de uma aranha venenosa do que de um serial killer mascarado…

**

E pra você, qual filme de terror marcou sua infância ou lhe impressionou recentemente? Comente aqui no blog!

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]