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(Foto: Marcelo Andrade)
(Foto: Marcelo Andrade)| Foto:

O blog está publicando, deste domingo, críticas e ensaios do crítico curitibano Lélio Sotto Maior Jr., que foi retratado na última reportagem da série Perfil, na edição deste domingo da Gazeta do Povo.

A série de posts, intitulada O olhar de Lélio, busca resgatar a presença e a paixão deste curitibano pelo cinema, que cativou uma geração de cinéfilos principalmente nas décadas de 1960 e 70 – incluindo aí o grande Paulo Leminski, de quem era amigo próximo – e até hoje é lembrado como um dos maiores incentivadores da sétima arte por essas bandas . O único problema é que a produção de Lélio é dispersa e não catalogada, o que nos impede de cravar exatamente quando e em que veículo os artigos foram publicados. Mesmo assim, os textos são atemporais e merecem ser degustados com calma.

As belíssimas fotos que acompanham os posts são do colega Marcelo Andrade, da Gazeta do Povo.

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(Foto: Marcelo Andrade)

(Foto: Marcelo Andrade)

O desprezo de Godard

Jean-Luc Godard é o mais importante cineasta da vanguarda fílmica. Godard revolucionou o cinema moderno, criou uma nova estrutura de linguagem cinematográfica. Faz um cinema que poder-se-ia chamar de “aleatório”: o aleas – elemento do acaso na obra de arte -, integrado funcionalmente no projeto cinematográfico. Mas não é o acaso gratuito dos tachistas, e sim o acaso dirigido dos dadaístas. O acaso funcional, estrutural.

A obra de Godard é uma reflexão crítica sobre o cinema, seus filmes são ensaios críticos sobre os diversos tipos de filme. O Acossado (obra de estreia), é uma reflexão crítica sobre os filmes B. O Pequeno Soldado é uma reflexão crítica sobre o filme de espionagem. Uma Mulher É Uma Mulher é uma reflexão crítica sobre o filme musical. Tempo de Guerra é uma reflexão crítica sobre o filme de guerra. Viver a Vida é uma reflexão crítica sobre o filme sociológico. Alphaville é uma reflexão crítica sobre o cinema de ficção. Pierrot le Fou (sua obra-prima) é uma reflexão sobre o cinema poético. Masculino-feminino é uma reflexão crítica sobre o cinema verdade. A Chinesa é uma reflexão crítica sobre o cinema político.

Neste sentido, Godard é o único autêntico crítico de filmes: ele critica cinematograficamente a arte fílmica. De todas as “críticas cinematográficas”, a mais estrutural é Duas ou Três Coisas que Sei Dela, película em que o cineasta levou às últimas consequências o seu processo. Já é meta-cinema, com a câmera comentando a própria filmagem.

Mas em O Desprezo (Le Mepris), Godard desenvolveu o seu processo de uma forma mais exemplar. Aqui a crítica de cinema, o processo de metalinguagem, foi colocada de uma maneira mais evidente do que em qualquer outro filme do cineasta, sendo que qualquer espectador pode percebê-lo. Neste sentido, O Desprezo é a obra mais aberta deste genial criador de cenas que é Jean Luc-Godard.

Leia também:

O olhar de Lélio #1 – As luzes de Vertigo

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