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Top 5: quando o final é por sua conta (e risco)
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Estive offline nos últimos dias e estou devendo aqui o Top 5 de sexta-feira. Antes tarde do que nunca, aí vai!

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Você está lá, vidrado na tela há pelo menos duas horas, aguardando o desfecho daquele suspense aterrorizante, quando, de repente, a tela fica preta e os créditos começam a subir. “Mas como assim? Cadê o final?”. Pois é. Não tem final. Ou o fim do filme era aquele mesmo, com as coisas pela metade e sem resolver a vida dos protagonistas.

Os chamados filmes com “final aberto” dividem os espectadores. Há quem goste e há quem queira arrancar os cabelos quando isso acontece. E não estou falando aqui de produções cujo desfecho se estende para os filmes seguintes, como O Senhor dos Anéis e Matrix Reloaded. Os desfechos inacabados são comuns em filmes de terror, quando, nos segundos finais, o vilão milagrosamente ressuscita, mas também podem ser vistos em outras produções, que desafiam a imaginação do espectador.

Ao meu ver, se trata justamente disso. Fugir do lugar comum e deixar que, pelo menos uma vez, nós tenhamos a palavra final sobre o que aconteceu. É saudável. Desde, é claro, que esse final aberto não seja gratuito, mas se encaixe na proposta do filme. As discussões posteriores feitas pelos próprios espectadores se encarregarão de apresentar os finais mais diferentes possíveis. Quem nunca se viu imaginando, por exemplo, o que ocorre com a trupe de Caverna do Dragão? Ou se Capitu traiu ou não Bentinho?

O Top 5 de hoje traz alguns exemplos desse controverso recurso no cinema. Como vamos tratar dos finais do filme (existentes ou não), cuidado: SPOILERS À FRENTE!

TOP 5: FILMES COM FINAIS EM ABERTO

Antes do Pôr-do-Sol (Before Sunset, 2004)

Divulgação.
Antes do Pôr-do-Sol: Jesse e Celine e suas idas e vindas.

A sequência de Antes do Amanhecer deu um balde de água fria em quem torcia pelo final feliz do casal Jesse e Celine, interpretados por Ethan Hawke e Julie Delpy (afinal, o filme anterior também acabava sem um desfecho). Nove anos depois de viverem uma rápida e intensa história de amor, os dois voltam a se encontrar. Tanto ele quanto ela estão mudados, mas o sentimento que possuem um pelo outro ainda está lá, forte e mal resolvido. Jesse tem que pegar um vôo para voltar aos Estados Unidos naquela tarde, onde mulher e filho o aguardam. Tenta adiar o momento o máximo possível. Os dois seguem conversando até o apartamento de Celine. E, ali, o filme termina, sem fornecer uma pista sequer ao espectador se a antiga paixão será retomada. De novo.

A pergunta que não quer calar: Jesse e Celine ficam juntos desta vez?

A Origem (Inception, 2010)

Divulgação.
A Origem: Leonardo DiCaprio e o peão da discórdia.

O blockbuster “cabeça” de Cristopher Nolan conta a história de Dominic Cobb, interpretado por Leonardo DiCaprio, especialista em invadir o sonho alheio e capturar informações do inconsciente dos outros. Nestas empreitadas, utiliza uma espécie de amuleto, um pequeno peão, para se certificar se continua sonhando ou não: se o peão continuar rodando indefinidamente, é sinal de que tem algo errado. Ao fim, depois da “missão definitiva”, Cobb finalmente consegue voltar para sua casa, onde os dois filhos que não via há anos o aguardam. Mas espere aí. Antes do final feliz, o peão é jogado em uma mesa e fica rodando, rodando…

A pergunta que não quer calar: o retorno de Cobb era só mais um sonho?

Onde os Fracos Não tem Vez (No Country for Old Men, 2007)

Divulgação.
Onde os Fracos Não Tem Vez: Javier Bardem e seu penteado ícone.

A adaptação dos irmãos Coen para o romance de Cormac McCarthy está longe de ser um suspense típico. É um daqueles filmes “ame ou odeie” (eu estou no primeiro grupo). Aqui, não se trata tanto de um final aberto, mas sim de um desfecho nada satisfatório para quem gosta de histórias redondinhas, com início, meio e fim, onde vilões são punidos e os mocinhos, depois de tantas provações, são recompensados com um final feliz. O filme termina com o assassino Anton Chigurh, vivido por Javier Bardem, saindo incólume (ou quase) após várias perseguições e mortes. Em seguida, vemos o xerife aposentado interpretado por Tommy Lee Jones na cozinha de casa, contando um sonho estranho para a esposa. E aí, the end.

A pergunta que não quer calar: afinal, o que aconteceu ao assassino após o acidente de carro?

Os Pássaros (The Birds, 1963)

Divulgação.
Os Pássaros: malditas andorinhas sanguinárias!

Este é um dos filmes mais controversos de Hitchcock. Como já não precisava provar nada pra ninguém, o diretor não se incomoda em buscar explicações ou aliviar a barra pros protagonistas. Investe nas sequências de suspense, onde é o melhor no que faz. Após ficar acuado dentro de casa, devido aos ataques selvagens dos pássaros, o bom moço interpretado por Rod Taylor consegue colocar a namorada, a mãe e a filha dentro de um automóvel. O grupo desliza para fora da garagem, apenas para encontrar uma cidade literalmente tomada pelas aves. E aí, sem mais nem menos, o filme termina.

A pergunta que não quer calar: o que aconteceu aos pássaros para eles atacarem os humanos? Os protagonistas conseguiram escapar? A cidade foi devastada? (na verdade, são muitas perguntas)

Mar Aberto (Open Water, 2003)

Divulgação.
Mar Aberto: nada como ir para o meio do mar para discutir a relação.

Um suspense menor, nada influente, mas que serve de exemplo de um recurso amplamente utilizado em filmes de terror. Um casal de férias no Caribe decide partir com um grupo para fazer mergulhos no meio do oceano. O barco para, todos descem, aproveitam a visão debaixo d’água e retornam para seus confortáveis quartos de hotel. Menos o casal, que é esquecido e fica à deriva. Aos poucos, o mar começa a se tornar mais ameaçador e os dois vão perdendo o controle. O desfecho, pra variar, fica a nosso cargo.

A pergunta que não quer calar: o que aconteceu ao casal?

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Você lembra de outros filmes com finais em aberto? Quer dar seu palpite para as perguntas acima? Deixe seu comentário!

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