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Crédito: Jonathan Campos
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Crédito: Jonathan Campos

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Análise do jornalista Diego Ribeiro:

A operação da Polícia Militar do Paraná que resultou em mais tumulto, tensão e pessoas engolindo gás ontem durante a manifestação contra o pacotaço que muda a Previdência do estado é fruto da escolha de um comandante. Não trata-se de tirar a responsabilidade dos policiais que atuaram na ação, mas o sistema militar não permite livre arbítrio aos policiais nestes grandes eventos. Tudo é decidido por um oficial ou uma cúpula. Neste caso, possivelmente, o comandante da operação está no campo, com autonomia, mas também recebe ordens do gabinete de gestão de crise, sediado na Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária.

Por isso, é preciso entender como foi construída a decisão que determinou o avanço dos policiais contra os professores.

Argumentam vários policiais com quem falei que os manifestantes virariam a viatura. É possível, mas a integridade física da população, seja ela professor ou black bloc, é mais importante que o patrimônio, mesmo que o público. Ou não? O comando da operação deve responder. Podem arguir ainda que estavam ali tentando virar o carro representantes da APP-Sindicato. Prendê-los pioraria a situação e o tumulto cresceria. E por que, então, ninguém foi responsabilizado pela tentativa de danificar o patrimônio público até agora? O flagrante poderia ter sido feito na hora.

Se estão protegendo os professores dos black blocs, como alegam, os policiais da inteligência infiltrados no protesto falharam? Ora, pois, não conseguiram então, identificá-los e prendê-los antes.

Em 2013 e 2014, foi diferente…

Dois episódios históricos do trabalho da PM local reforçam esses questionamentos. O primeiro está localizado em junho de 2013. Milhares de manifestantes estavam em frente ao Palácio Iguaçu atuando de forma violenta. Eu vi um grupo de mascarados jogarem coquetel molotov em cima de vários policiais que estavam embaixo da marquise do Palácio Iguaçu. Mesmo assim, os policiais seguraram a onda até onde conseguiram. Não avançaram até terem ordens, mesmo com um deles com o escudo em chamas.

Na ocasião, a polícia atuou com muita paciência, de forma correta. Vários estabelecimentos comerciais foram alvo de depredação, mas ainda assim, a PM se segurou. Em seguida, teve que avançar para garantir que nada mais fosse depredado. Os policiais reservados atuaram bem prendendo vários manifestantes que só queriam “tocar o horror”. Foi a avaliação feita por vários especialistas na época.

Ano passado, em meio a Copa do Mundo, outro grupo de supostos black blocs chegou a quebrar agências bancárias no centro. Apesar de a PM ter encurralado esse pessoal em uma rua da região e ter havido diversas reclamação de abuso de autoridade, a polícia também preferiu esperar, identificá-los e levá-los para o 1 º Distrito Policial, onde foram autuados. Ontem, a PM não usou a paciência do primeiro caso nem a esperteza do segundo.

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