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Crédito: Jane de Araújo/Agência Senado
Crédito: Jane de Araújo/Agência Senado| Foto:
Crédito: Jane de Araújo/Agência Senado

Crédito: Jane de Araújo/Agência Senado

Encerradas as eleições de 2010, o PMDB tinha um plano. Se o mandato de Dilma Rousseff fosse um fracasso e o PT fosse para o buraco, o partido apresentaria uma saída para 2014. Reluzia a estrela de Sérgio Cabral, que acabara de se reeleger governador do Rio de Janeiro no primeiro turno com 66% dos votos válidos.

Cabral era o cara. O cara das Unidades de Polícia Pacificadora. O cara da final da Copa do Mundo no Maracanã, das Olimpíadas de 2016. O cara bonachão, agregador, que conseguiu bilhões em recursos federais e em empréstimos internacionais para obras no estado.

A euforia passou como um meteoro. Em 2012, apareceram as imagens da “Dança do Guardanapo”, uma festinha de Cabral com um empreiteiro em Paris. Logo depois, descobriu-se que ele, a família e até o cachorro Juquinha usavam o helicóptero do estado para passar os fins de semana em uma mansão de veraneio.

Vieram os protestos de junho de 2013. A popularidade dos políticos pelo Brasil afora balançou, mas no Rio foi pior. A Copa das Confederações passou, o “Ocupa Cabral” continuou, com jovens acampados na frente da casa do governador.

Em abril de 2014, Cabral renunciou ao mandato para se candidatar ao Senado e tentar fazer o sucessor. Na hora da decisão, viu que estava em uma encruzilhada e que, se concorresse, colocaria em risco a vitória do vice, Luiz Fernando Pezão. Saiu de cena e hoje o popstar do PMDB do Rio de Janeiro é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Cabral tem 52 anos, dois anos e meio a mais que o paranaense Beto Richa (PSDB), que também se meteu em uma espiral negativa após uma vitória eleitoral brilhante. Sondagens do Paraná Pesquisas publicadas na semana passada pela Gazeta do Povo mostram que ele tem 85% de desaprovação e ficaria em quinto em uma disputa pelo Senado, com apenas 7,5% das intenções de voto – atrás de Roberto Requião (PMDB), com 45,1%, Ratinho Júnior (PSC), 41,2%, Osmar Dias (PDT), com 37,9%, e Gleisi Hoffmann (PT), com 19,2%.

Na sua pior avaliação, em novembro de 2013, Cabral ficou com 38% de ruim ou péssimo e 20% de ótimo ou bom, dados mais positivos que os atuais de Richa. Por outro lado, o tucano tem mais tempo para esboçar uma recuperação. Até agora, porém, é difícil descrever o que seria essa recuperação.

Richa não tem demonstrado interesse em fazer um sucessor. Rifou o antigo vice, Flávio Arns (PSDB), para acomodar Cida Borghetti (Pros) e o consórcio de partidos da família Barros na chapa de reeleição. Além disso, está sitiado por uma cada vez mais provável aliança entre Requião e os irmãos Alvaro e Osmar Dias – nessa configuração, se Alvaro for candidato ao governo, Requião e Osmar formam uma dupla dificílima de ser batida ao Senado.

Restaria ao governador sair de cena ou partir para algo que nem Cabral se arriscou – romper com a cartilha tradicional. Richa tem quase mandato inteiro pela frente. Se passar pelo escândalo na Receita e se dissociar do “quase-primo” Luiz Abi, pode tentar algo radical: abandonar os conchavos políticos e montar uma gestão de quadros técnicos eficientes para fazer a coisa andar.

É menos suicídio eleitoral do que deixar as coisas como estão.

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