Do jeito que está a eleição presidencial, a chance de haver uma vitória por margem estreita (ou estreitíssima) de votos parece inevitável. A dúvida é: o lado perdedor vai simplesmente aceitar uma derrota, por exemplo, por menos de um ponto percentual de desvantagem?
Vou fazer a minha aposta: se der alguma zebra técnica na votação estaremos diante de uma choradeira sem fim. Vão culpar a urna eletrônica, o bolivarianismo, o neoliberalismo, o escambau. O país, institucionalmente, está preparado para uma confusão dessas?
A propósito, houve casos semelhantes que não acabaram bem na América Latina. No México, em 2006, o conservador Felipe Calderón venceu o socialista Andrés Manuel López Obrador por 0,56 ponto percentual. Obrador não aceitou a derrota e chegou a se autoproclamar presidente – o que obviamente não foi reconhecido mas gerou um enorme rebuliço.
Na Venezuela, em 2013, Nicolás Maduro (pupilo de Hugo Chávez, que acabara de morrer), venceu Henrique Capriles por 50,61% a 49,12% dos votos válidos. Capriles não reconheceu e pediu recontagem de votos. E até hoje a situação política venezuelana é um caos.
O bom senso diz que no Brasil o filme não vai se repetir. No entanto, é difícil prever o day after de uma campanha tão marcada pelo ódio (de lado a lado) como a atual. E que a sorte acompanhe tanto o vencedor quanto o perdedor.
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