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Texto do jornalista Diego Ribeiro

O número de integrantes de uma facção criminosa paulista dobrou em menos de dois anos no sistema penitenciário do Paraná. Em outubro de 2013, um relatório do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) colocava o estado como segundo principal reduto do grupo. Na época, o MP-SP informou ao repórter Raphael Marchiori que as unidades prisionais do Paraná tinham 545 membros. Hoje o total de faccionados chega a 1,1 mil, segundo confirmou na semana passada o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini.

O problema tem sido mostrado pela reportagem da Gazeta do Povo ao longo dos últimos anos. Em janeiro do ano passado, o repórter Felippe Aníbal mostrou que a facção avançava de forma ostensiva nos complexos penais e carceragens de delegacias do Paraná. Em uma forma de desafiar as autoridades, os presos usavam o nome da facção para demarcar território dentro dos presídios: bradavam gritos de guerra e assinalavam as alas dominadas pelo grupo. O jornal chegou a noticiar o vídeo feito por agentes penitenciários.

Ao que tudo indica, esse crescimento da organização criminosa foi quase que inevitável. A facção arregimenta mais detentos do que o estado pode ressocializar. Sabe-se que há um trabalho específico do Departamento Estadual Penitenciário de das polícias que analisam e tentam antecipar os problemas que causam os presos faccionados. Mas isso apenas não basta.

As condições das unidades penitenciárias do estado colaboram e dão argumentos aos bandidos. Nenhuma vaga foi criada com construção ou ampliação de unidades penitenciárias nos últimos quatro anos. Enquanto isso, o sistema é sobrecarregado com a política do encarceramento. Muitos detidos que entram por crimes como furto simples acabam batizados pelo crime organizado.

Esse número de detentos faccionados representa, segundo algumas fontes, um perigo grande de o grupo controlar o sistema carcerário local. A onda de rebeliões ano passado no sistema paranaense foi alarmante. O estado praticamente ficou refém dos detentos e optou por atender pedidos de transferências.

Sem melhorar as condições do sistema, cada vez mais presos que poderiam ter alguma chance de ressocialização são cooptados pela facção. Afinal, todo mundo sabe: cadeia é a escola do crime. Os professores são esses, os 1.100.

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