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Reportagem do viajante

Victor Hernández dedilha o violão com a habilidade de um músico profissional. Não faz apresentações artísticas. Dedica sua técnica e conhecimento à fabricação de instrumentos de cordas. É um dos artesãos que contribui para a fama da cidade de Paracho, no México, conhecida como a terra das guitarras, desde os anos 40.

Guitarra é o nome usado para os instrumentos de corda tangidos com os dedos ou palhetas, que geralmente têm entre seis e 12 cordas e o corpo em formato de um oito. Nós, brasileiros, chamamos de violão a guitarra clássica ou acústica, enquanto usamos a palavra guitarra para designar especificamente o instrumento elétrico.

Hoje a produção do pequeno povoado, de menos de 20 mil habitantes, varia entre os violões, violinos, violoncelos e as “vihuelas” e “guitarrones”, utilizadas pelas alegres, e às vezes invasivas, bandas de mariachis. Victor e o filho, David, produzem em média 25 guitarras por mês.

A guitarra mais popular é feita de “palo escrito”, tipo econômico e eficiente de madeira, e não custa mais do que mil pesos mexicanos, o equivalente a R$190. Há guitarras vendidas em Paracho por até 18 mil, quase R$3,5 mil.

A música é tão significativa para a cidade que Paracho mantém um centro de desenvolvimento da guitarra, com aulas para crianças e jovens, museu e espaço para apresentações. Já atraiu jazzistas famosos, como o vocalista norte-americano Joe Willians.

Atualmente a concorrência mundial é grande e vem forte do Canadá, Estados Unidos, Espanha e, é claro, da pantagruélica China, conta o fabricante Ignácio Barajas, que aprendeu o ofício com o pai, aos cinco anos de idade. Aos 35 anos de trabalho, exibe o diploma de qualidade, concedido pelo governo de Michoacán.

A lenda da tartaruga

As culturas antigas atribuíam a criação dos instrumentos aos deuses, pois consideravam a música como de origem divina.

Contam os antigos que o Deus grego Mercúrio passeava às margens do Rio Nilo, no Egito, quando encontrou uma tartaruga morta. Sobravam apenas os nervos do animal, dentro da carapaça. Ao tocar os restos do bicho, Mercúrio descobriu que os nervos vibravam e produziam diferentes sons, quando puxados. Era a origem do primeiro instrumento de corda.

Em Paracho, os primeiros instrumentos eram fabricados com tripas de carneiro e de gato. Inicialmente vieram a “guitarras de golpe”, na qual as cinco cordas eram tocadas de forma ritmada, aos borbotões.

Existem dezenas de tipos de instrumentos de corda, mas a produção do som é sempre feita por uma das três maneiras: o encordoamento é beliscado (violão ou guitarra), friccionado (violino ou violoncelo) ou percutido (piano ou berimbau). Só de violões há pelo menos 10 tipos ou modelos diferentes, conforme o estilo ou a finalidade.

A construção artesanal de um instrumento de corda é atividade complexa. Depende da qualidade e idade da madeira, do corte, elaborado, da acústica da caixa de ressonância e do encordoamento. Diz-se que para um violão soar bem há influência inclusive da temperatura atmosférica.

Por isso os primeiros fabricantes de Paracho cortavam as árvores, nos montes próximos à cidade, em noite de lua cheia, quando a água da planta era atraída para a copa e ramas mais altas, deixando o tronco mais seco, melhor para a confecção dos instrumentos.

No início as guitarras eram pintadas com tinta artesanal, preparada no fogão à lenha. O brilho do instrumento, obtido com pasta à base de mel.

 

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