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Ardil-22: o livro dos diálogos sem sentido
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Reprodução/Internet
Cena do filme Ardil-22, de Mike Nichols, baseado no livro de Joseph Heller.

A primeira pergunta que a maioria dos leitores parece fazer quando sabe que existe um livro chamado Ardil-22 é saber qual é o significado do título. Afinal, o que é um ardil-22? Se fosse traduzir pela gíria atual, seria provavelmente uma “pegadinha”. Uma história em que você não tem como escapar de jeito nenhum.

No livro, várias pegadinhas são chamadas de “ardil-22”. Originalmente, esse era o número de missões que cada piloto tinha de voar na guerra para ir embora para casa. Mas a cada vez que eles estão perto de completar o número, um oficial aumenta para 25. Depois para 30, depois 35, etc.

O “ardil” mais famoso do livro é o que impede os pilotos de irem para casa. Existe no regulamento uma única brecha para você deixar de pilotar nas missões mais cedo. Você precisar ser declarado mentalmente insano. Para isso, você tem que ir até o serviço médico e conseguir um atestado do médico de que você não está raciocinando bem. Só que se você está raciocinando bem o suficiente para pedir o atestado, ele é negado. Você está são e vai ter que voar. “Ardil-22” é isso aí!

Tem outras histórias no livro que são assim também. Por exemplo: uma mulher diz que nunca vai se casar porque ela não é virgem. Só um louco se casaria com ela. Um homem diz que gostaria de casar com ela. Imediatamente, ela chega à conclusão de que ele é louco. Portanto, não pode aceitar o casamento.

Uma das minhas situações “nonsense” favoritas no livro é a do capítulo 29, quando aparece o coronel Scheisskopf. Ele recebe missões importantes na guerra. Mas não está nem aí. Ele gosta mesmo é de organizar as paradas militares. Sabe tudo sobre desfiles: como devem ser, como não devem, todas as variantes clássicas e modernas. Adora paradas e quer fazê-las.

O problema é que eles estão meio que numa guerra… E paradas não são prioritárias. Scheisskopf luta com seus superiores o quanto pode para organizar paradas aos domingos. Não tem quem lhe tire as paradas da cabeça. Até que o general tem uma ideia para acalmá-lo: ele pode marcar as paradas. Desde que, no dia anterior, ache um motivo e as desmarque. Ele topa, e passa a desmarcá-las semanalmente.

Resolvido? Ainda não.

Quando o general menos espera, entra em sua sala o coronel Cargill.

– Estou aqui há mais tempo que Scheisskopf – queixou-se. Por que não posso ser eu o encarregado de marcar as paradas que não foram marcadas?

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